Panama Papers: A incrível história do espião que abriu uma offshore após simular a morte

© AP Photo / Jean Jacques LevyDewi Sukarno, esposa do falecido presidente indonésio Sukarno, em 7 de fevereiro de 1972 chega à Ópera de Paris, na França, para participar de uma festa de gala, acompanhada por Francisco Paesa, célebre agente dos serviços secretos espanhóis.
Dewi Sukarno, esposa do falecido presidente indonésio Sukarno, em 7 de fevereiro de 1972 chega à Ópera de Paris, na França, para participar de uma festa de gala, acompanhada por Francisco Paesa, célebre agente dos serviços secretos espanhóis. - Sputnik Brasil
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O célebre agente dos serviços secretos espanhóis Francisco Paesa Sanchez foi uma pedra no sapato da firma de advocacia panamenha Mossack Fonseca, centro do recente turbilhão midiático que gira em torno dos chamados "Panama Papers”.

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Após o vazamento dos documentos, operado pelo chamado Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), descobriu-se que o espião havia criado uma offshore com a ajuda da Mossack no verão de 1998, duas semanas após a fingir sua própria morte, segundo relatou a emissora espanhola La Sexta, um dos veículos espanhóis com acesso aos 11,5 milhões de registros internos filtrados do escritório panamenho.

Em 1995, Paesa entregou às autoridades espanholas o foragido e, na época, chefe da Guarda Civil Luis Roldán, ficando com o dinheiro que este havia roubado e, ainda, com uma recompensa de 300 milhões de pesetas (cerca de 1,8 milhão de euros). 

Depois da façanha, em julho de 1998, ele falsificou a sua própria morte e incineração na capital da Tailândia, Bangkok. 

"Ele inclusive publicou seu próprio obituário e encomendou 30 missas gregorianas por sua alma em um convento [da cidade espanhola] de Burgos", informou o canal.

Apenas duas semanas após o "trágico incidente", Paesa registrava no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas a empresa Regus Assets, na qual figurava como único administrador com a assinatura de “Francisco P. Sanchez”, através dos serviços prestados pela Mossack. 

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Em menos de um ano e meio, o espião transformou as ilhas paradisíacas em seu centro de negócios e criou mais seis empresas offshore com o objetivo de operar nos setores imobiliário e de comunicações em Marrocos.

No entanto, seis anos depois, em 2004, o jornalista Antonio Rubio, do El Mundo, conseguiu a proeza de 'ressuscitar' o morto célebre, descobrindo que Paesa tinha vivido todo esse tempo em Luxemburgo, junto com sua sobrinha Beatriz Garcia Paesa, responsável pela gestão das offshore. Além disso, soube-se que o agente dos serviços secretos da Espanha usava um passaporte argentino em nome de Francisco Pando Sanchez. 

Após a revelação, a Mossack Fonseca foi informada de quem era realmente o proprietário das empresas registradas e decidiu romper relações com as offshore em que aparecia.

​Atualmente, Paesa vive em Paris e se aproxima de seu aniversário de 80 anos.

Como observado pelo portal espanhol El Confidencial – que também tem acesso aos Panama Papers –, existem outros nomes ligados à espionagem internacional nos arquivos recentemente vazados. Cita-se, em particular, o nome de Farhad Azima, cidadão norte-americano nascido no Irã e executivo de uma empresa de aeronaves que doou grandes quantias de dinheiro a ambos os partidos Democrata e Republicano durante as décadas de 1980 e 1990.

"Os documentos secretos mostram que Azima teve sua primeira empresa offshore com a Mossack Fonseca nas Ilhas Virgens Britânicas em 2000", escreve o portal, acrescentando que, embora em 2013 a firma panamenha tenha descoberto a suposta relação de seu cliente com a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), continuou prestando serviços a ele.

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O El Confidencial também cita Loftur Johannesson, "ligado a pelo menos quatro empresas offshore nas Ilhas Virgens Britânicas e no Panamá", como outra das conexões da CIA com os arquivos da Mossack, e ainda o chefe de inteligência da Arábia Saudita, Sheikh Kamal Adham, que foi descrito por uma comissão do Senado norte-americano como "a principal conexão com o Oriente Médio desde meados da década de 1960 até 1979", e a quem foi atribuído o controle de offshores "que mais tarde foram envolvidas em um escândalo bancário nos EUA".

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