Em 1995, Paesa entregou às autoridades espanholas o foragido e, na época, chefe da Guarda Civil Luis Roldán, ficando com o dinheiro que este havia roubado e, ainda, com uma recompensa de 300 milhões de pesetas (cerca de 1,8 milhão de euros).
Depois da façanha, em julho de 1998, ele falsificou a sua própria morte e incineração na capital da Tailândia, Bangkok.
"Ele inclusive publicou seu próprio obituário e encomendou 30 missas gregorianas por sua alma em um convento [da cidade espanhola] de Burgos", informou o canal.
Apenas duas semanas após o "trágico incidente", Paesa registrava no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas a empresa Regus Assets, na qual figurava como único administrador com a assinatura de “Francisco P. Sanchez”, através dos serviços prestados pela Mossack.
No entanto, seis anos depois, em 2004, o jornalista Antonio Rubio, do El Mundo, conseguiu a proeza de 'ressuscitar' o morto célebre, descobrindo que Paesa tinha vivido todo esse tempo em Luxemburgo, junto com sua sobrinha Beatriz Garcia Paesa, responsável pela gestão das offshore. Além disso, soube-se que o agente dos serviços secretos da Espanha usava um passaporte argentino em nome de Francisco Pando Sanchez.
Após a revelação, a Mossack Fonseca foi informada de quem era realmente o proprietário das empresas registradas e decidiu romper relações com as offshore em que aparecia.
¿Quién es Francisco Paesa, exagente secreto? https://t.co/iRkR3QypWK #papelespanama #panamapapers pic.twitter.com/k3DKX1aPE8
— El Confidencial (@elconfidencial) 5 апреля 2016 г.
Atualmente, Paesa vive em Paris e se aproxima de seu aniversário de 80 anos.
Como observado pelo portal espanhol El Confidencial – que também tem acesso aos Panama Papers –, existem outros nomes ligados à espionagem internacional nos arquivos recentemente vazados. Cita-se, em particular, o nome de Farhad Azima, cidadão norte-americano nascido no Irã e executivo de uma empresa de aeronaves que doou grandes quantias de dinheiro a ambos os partidos Democrata e Republicano durante as décadas de 1980 e 1990.
"Os documentos secretos mostram que Azima teve sua primeira empresa offshore com a Mossack Fonseca nas Ilhas Virgens Britânicas em 2000", escreve o portal, acrescentando que, embora em 2013 a firma panamenha tenha descoberto a suposta relação de seu cliente com a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), continuou prestando serviços a ele.