Eles já tinham passado a fronteira entre a cidade francesa Calais e o Reino Unido, agora estavam indo pelo túnel do Canal da Mancha. De repente, o oxigênio começou a se esgotar. Antes de que a asfixia tomasse conta dele, Ahmed pegou um celular para enviar uma mensagem de socorro: "I ned halp darivar no stap car no oksijan in the car no signal iam in the cantenar. Iam no jokan valla".
As palavras, escritas em inglês com erros, diziam: "Eu preciso de ajuda, o carro não para, não há oxigênio no carro"; "Não há sinal"; "Eu não estou brincando".
Mesmo assim elas conseguiram chegar a Inca Sorrell, membro da associação Help Refugees. Ela tinha dado o celular com o seu número a Ahmed antes, durante uma visita que fez à "selva de Calais". Em caso de urgência, o menino podia lhe ligar.
Na altura que recebeu a mensagem, Sorrell estava em Nova York assistindo a uma conferência. Mas logo ao ver a mensagem, ela contatou uma colega em Londres, Tanya Freedman, que, por sua vez, pôde depois falar com o menino, com a ajuda de um intérprete.
Selva
A cidade de Calais, da região francesa de Normandia, se tornou "capital" de acampamentos de migrantes e refugiados no início da década dos 2000. No ano passado, com o agravamento da crise de refugiados na Europa, a situação piorou.