Dilma abriu seu pronunciamento na reunião desta terça-feira, 12, no Palácio do Planalto, reproduzindo uma frase levada pelos educadores, de que “Este país não será o país do ódio”, e afirmou que o ódio, a ameaça e a perseguição às pessoas não cabem no Brasil.
Segundo a presidente, o momento é decisivo para a democracia do país:
“Os próximos dias vão mostrar com clareza quem honra e respeita a democracia que nós conquistamos com grandes lutas, e quem não se importa em destruir o regime democrático por meio da ilegítima destituição de uma presidente eleita por 54 milhões de votos do povo brasileiro.”
Ao citar o vazamento do áudio de Michel Temer, Dilma Rousseff ressaltou que o momento é de se frear a tentativa de golpe contra a República e o voto popular. De acordo com a presidente, o país vive tempos de golpe, de farsa e de traição, e, se havia alguma dúvida sobre um golpe de Estado em andamento, essa dúvida não existe mais.
“Agora conspiram abertamente à luz do dia para desestabilizar uma presidente legitimamente eleita. Estamos aqui para denunciar um golpe e para barrar, com nossa posição enérgica, uma tentativa de golpe contra a República, a democracia e o voto popular. Ao longo da semana acusaram-me de usar expedientes escusos para recompor a base de apoio do meu Governo, me julgando pelo seu espelho, pois são eles que usam tais métodos. Caluniam enquanto leiloam posições no gabinete do golpe, no governo dos sem voto.”
Ainda sobre o áudio de Michel Temer, Dilma afirmou ter ficado claro que existem dois chefes do golpe, que, segundo ela, agem em conjunto.
“Ontem ficou claro que existem, sim, dois chefes do golpe, que agem em conjunto e de forma premeditada. Como muitos brasileiros, tomei conhecimento, e confesso que fiquei chocada com a desfaçatez da farsa do vazamento, que foi deliberado, premeditado, vazando para eles mesmos – estranho vazamento! Tentaram disfarçar o que era um anúncio de posse antecipada, subestimando a inteligência dos brasileiros e brasileiras. Até nisso são golpistas, sem respeito pela democracia, porque eu estou no pleno exercício de minha função de presidente da República.”
Dilma ainda falou sobre como os golpistas estão agindo para tentar retirá-la do cargo. Para ela, trata-se da maior fraude jurídica e política da História do Brasil, e o relatório da Comissão do Impeachment é instrumento dessa fraude, pois o documento é frágil por não apresentar justificativa jurídica para o processo.
“Não sei direito qual é o chefe e qual o vice-chefe. Um deles é a mão, não tão invisível assim, que conduz com desvio de poder e abusos inimagináveis o processo de impeachment. O outro esfrega as mãos e ensaia a farsa do vazamento de um pretenso discurso de posse. Cai a máscara dos conspiradores. O Brasil e a democracia não merecem tamanha farsa. O fato é que os golpistas que se arrogam a condição de chefe e vice-chefe do gabinete do golpe estão tentando montar uma fraude para interromper no Congresso um mandato que me foi conferido pelos brasileiros. Na verdade, trata-se da maior fraude jurídica e política de nossa História. Sem ela, o impeachment sequer seria votado.”
Dilma Rousseff ainda comentou uma parte do áudio vazado do vice-presidente sobre um suposto pacto de salvação nacional. A presidente chamou atenção sobre como acreditar em um pacto de salvação ou unidade nacional sem legitimidade democrática?
“A quem interessa usurpar do povo brasileiro o sagrado direito de escolher quem o governa. Como acreditar num pacto de salvação ou de unidade nacional sem sequer uma gota de legitimidade democrática? Como acreditar que haverá sustentação para tal aventura? Com farsas, fraudes e sem legitimidade ninguém pacifica, ninguém concilia, ninguém constrói unidade para superação de crises. Só as agrava e aprofunda.”
Dilma encerrou seu discurso chamando atenção para os próximos dias, que segundo ela vão ser de ataques à sua imagem através de informações falsas e de possíveis novos vazamentos ilegais de delações. A presidente pediu que os apoiadores do Governo não aceitem provocações e se mantenham unidos.
“Peço que todos estejam atentos e vigilantes. Tentarão de tudo, nos intimidar, nos tirar das ruas. Não aceitem provocações. Mantenham-se unidos porque não somos do ódio. Nós acreditamos na consciência das pessoas. A verdade haverá de prevalecer, o impeachment não vai passar. O golpe será derrotado.”