Syrus Borzoo, famoso escritor iraniano, historiador da área espacial, vencedor do concurso nacional entre jornalistas "Popularização da Ciência no Irã em 2014” e autor do livro "O Fazendeiro que Descobriu o Caminho para o Espaço" (Yuri Gagarin), nos fala sobre a significado do primeiro voo do Homem ao espaço em entrevista à Sputnik:
"Quando Yuri Gagarin fez o seu primeiro voo no espaço, eu fui para o segundo ano da escola. Mas eu me lembro de que, ao voltar da escola, mesmo na nossa aldeia, todos discutiram que o homem era capaz de conquistar o espaço — completar uma volta na órbita da Terra. Para o povo do Irão, bem como para toda a humanidade, foi um grande evento no desenvolvimento da ciência — ultrapassar as fronteiras do espaço. Embora, como você sabe, naquela altura os dados do seu voo e as informações não eram publicados amplamente, como são hoje. Mas, no entanto, os títulos dos jornais iranianos em 13 de abril de 1961 eram sobre Gagarin, nos editoriais o leitor iraniano viu seu sorriso inimitável…".
Segundo Syrus Borzoo, o voo de Gagarin deu um grande estímulo ao desenvolvimento da indústria aeroespacial de todo o mundo, incluindo o Irã:
“A abertura das fronteiras do espaço tornou-se um fato significativo, que influenciou diretamente todos os interessados em cosmonáutica e todos os outros também. O voo de Gagarin foi um impulso para o desenvolvimento das atividades espaciais em todo o mundo. Muitos se reuniram para estudar astrofísica, astronáutica nas universidades. Os iranianos não foram exceção. No entanto, deve notar-se que, ao longo das últimas duas décadas, desde o primeiro voo do Homem ao espaço, eram apenas estudantes, teóricos, em vez de práticos. Posteriormente, a República Islâmica do Irã passou da teoria à prática, começou o trabalho ativo na área espacial. Nossos cientistas foram capazes de construir foguetes portadores e colocar satélites em órbita. Também, com os nossos próprios esforços, lançámos com êxito cápsulas biológicas ao espaço com seres vivos (um macaco, por exemplo). As pesquisas científicas continuam no Irã até hoje".
De acordo com Sirus Borzoo, os sucessos iranianos na área espacial foram devidos ao estreito contato com os especialistas russos:
"Hoje, os jovens do Irã estão ativamente interessados no espaço e os especialistas querem continuar os seus estudos em um nível académico mais alto. A este respeito, eu, pessoalmente, tomei a iniciativa e convidei vários cosmonautas russos para realizar seminários e encontros com estudantes e especialistas iranianos. Inclusive Gueorgui Grechko, que veio ao Irã duas vezes, e Alexander Lazutkin. Estes famosos cosmonautas russos vão confirmar que a juventude iraniana tem um grande interesse no desenvolvimento da cosmonáutica nacional. Em geral, esperamos que, no futuro próximo, possamos ver um novo salto qualitativo e os resultados alcançados dos nossos jovens na arena global".
De acordo com Syrus Borzoo, estas declarações foram um pouco prematuras. O Irão naquela época só tinha de se libertar das sanções, que afetou em geral o desenvolvimento da ciência e limitou a troca de experiências com especialistas estrangeiros. Além disso, para o Irã, no momento existem outros objetivos no espaço:
"Quando se referiu ao primeiro astronauta iraniano no espaço, o ex-presidente Ahmadinejad provavelmente disse uma piada. Os especialistas sabem que este voo precisa de uma enorme quantidade de pesquisas e testes. Isto leva um longo tempo, mais de um ano. Além disso, é necessário ter em conta as necessidades e prioridades do programa espacial da República Islâmica do Irã. Para o Irã, enviar um homem ao espaço não é o principal objetivo de hoje. Para nós, a coisa mais importante é o lançamento dos nossos satélites, a existência e desenvolvimento da ciência, atendendo às necessidades e exigências deste sector. E só depois – o voo do primeiro astronauta iraniano. Além disso, a realidade de hoje é que nenhum país envia sozinho o seu astronauta ao espaço. Todos os lançamentos ocorrem em cooperação entre a Rússia, os EUA ou a China".