Os resultados oficiais da votação foram divulgados hoje (12) no site oficial da Comissão Eleitoral do país. Um total de 38,21% dos eleitores holandeses se expressou pela ratificação do acordo com a Ucrânia e 61% manifestaram-se contra.
Por seu turno, o presidente ucraniano disse que espera que a Comissão Europeia apresente uma iniciativa legislativa sobre a isenção de vistos entre a Ucrânia e a UE.
“O acordo de associação não será alterado. Já está sendo aplicado, começando com a zona de livre comércio”, afirmou Poroshenko no domingo (10) em entrevista ao canal televisivo ucraniano.
O cientista político russo Pavel Svyatenkov, em sua entrevista para a rádio Sputnik, disse que a isenção de vistos com a Ucrânia é um apoio para o presidente ucraniano Pyotr Poroshenko.
“A UE pode abolir os vistos para os ucranianos se for tomada a decisão de apoiar Pyotr Poroshenko. É que [o primeiro-ministro Arseny] Yatsenyuk renunciou e, por causa do referendo na Holanda, é preciso demonstrar à população ucraniana uma dinâmica positiva”, afirmou.
“É preciso que a liderança da União Europeia defina a sua posição. O mais provável é que este assunto seja negociado. Se a UE estabelecer a isenção de vistos pouco depois do referendo na Holanda, será considerado por muitos como um total desrespeito pela população dos países europeus”, destacou Svyatenkov.
Entretanto, o diretor do Centro dos Estudos Euroasiáticos, Vladimir Kornilov, disse que a Comissão Europeia não pretende abolir os vistos, somente continua realizando os seus planos precedentes.
“Com efeito, a Comissão Europeia realiza negociações com a Ucrânia já por muito tempo. Além disso, planejava divulgar a sua conclusão [sobre os vistos] antes do referendo na Holanda e, por causa do referendo, adiou esta decisão para não irritar ninguém. Consequentemente, o referendo foi realizado e a Comissão Europeia decidiu continuar este processo. Entretanto, a Comissão terminará a parte técnica dos trabalhos, submeterá o assunto à consideração do Parlamento Europeu e dos parlamentos nacionais. Ao longo deste processo, julgo que as consequências do referendo na Holanda podem ter certa influência. Penso que, no final das contas, quando o Parlamento europeu começar a debater este assunto sobre a abolição de vistos com a Ucrânia, se lembrarão da posição do povo holandês“, disse.
“Há que lembrar que o referendo tratava do assunto do acordo de associação e não da abolição de vistos. Em teoria, estes dois assuntos não estão relacionados, mas um dos motivos para realizar a votação <…> foi o medo de abolir os vistos”, disse Kornilov.
Segundo o vice-presidente do Comitê de Defesa e Segurança do Conselho de Federação (câmara alta do parlamento russo), Frants Klintsevich, os holandeses votaram contra a associação com a Ucrânia porque é mais uma fonte de imigração não controlada, de crime e corrupção.
Na opinião de Kornilov, a Comissão Europeia não ignora o referendo, mas a decisão final não depende dela.
“<…> A Comissão Europeia tem vindo a prometer já por muito tempo a abolição dos vistos, tem mostrado esta “cenoura” à Ucrânia, mas com certeza, submeterá este assunto ao Parlamento Europeu. Penso que alguns problemas serão ligados a esta isenção de vistos, e pode ser que, no fim, a Ucrânia não o venha a ter", concluiu Kornilov.