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FMI: Chance de Brasil voltar a crescer em 2017 vai depender de solução política

ENTREVISTA COM PAULO PETRASSI
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A paralisia econômica que toma conta do Brasil desde o início de 2015 chama a atenção do Fundo Monetário Internacional (FMI). Na divulgação de seu relatório na terça-feira, 12, com projeções para a economia global, o Fundo prevê que a economia brasileira poderá retomar o crescimento em 2017 caso o impasse político seja resolvido este ano.

(FMI) Fundo Monetário Internacional - Sputnik Brasil
Diretor do FMI, exclusivo: ‘Risco de piora na economia mundial não pode ser desprezado’
O relatório prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve encolher 3,8% este ano, atingindo zero em 2017, mas com um possível viés de alta. Em entrevista coletiva para divulgar o estudo, o chefe da Divisão de Estudos Mundiais do Fundo, Oya Celasun, justificou as previsões:

“A recessão brasileira vem de uma série de confluências de fatores, como a queda das commodities, o que significou queda de receita para o Brasil, um ajuste, com atraso, nos preços administrados, que pesaram na demanda e da confiança fraca, que vem da necessidade de um ajuste fiscal, além de atrasos na articulação e implementação de um plano para isso. A incerteza política é parte desse mix, afetando a confiança.”

Segundo Celasun, quando o ambiente político voltar ao normal, as autoridades “terão tempo e espaço” para implementar as medidas necessárias.

A paralisia econômica, motivada pela agenda de discussões meramente políticas, impediu que a equipe econômica desse passos mais ousados para obter a aprovação de medidas que restabelecessem o reequilíbrio fiscal. Temas como a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o chamado imposto do cheque, e mudanças na Previdência, entre outras, deixam o caixa do Governo à mercê de um aumento das despesas e uma queda na arrecadação por conta da recessão.

No ano passado, Brasil e Rússia foram os dois países dos BRICS que registraram quedas em seus PIBs, de 3,8% e 3,7% respectivamente. Índia, com alta de 7,3%, e China, com avanço de 6,9%, foram dois outros membros do grupo com desempenho bastante diferente.

Apesar de ainda sentirem os efeitos da crise global iniciada em 2008, com a crise dos subprimes nos Estados Unidos, as grandes economias mostraram expansões razoáveis: EUA (2,4%), Reino Unido (2,2%), Alemanha (1,5%), França (1,1%) e Japão (0,5%). Apesar dos resultados, o relatório do FMI prevê que o PIB global vai crescer pouco: de 3,1% em 2015 para 3,2% este ano, com um corte de 0,3 ponto percentual sobre a última previsão feita pelo Fundo em janeiro.

Em relação às previsões para o Brasil, o sócio da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, diz que o Fundo está até otimista.

“Aqui na Leme nossa previsão é de queda do PIB de 4,5% a 5% este ano, e há até casas bem respeitadas no Brasil falando em até 5,5%. O ano que vem é uma incógnita, mas tenho que concordar que, caso o embate político seja resolvido, caso a gente tenha a substituição da Presidenta Dilma, o mercado volta a ter um pouco de confiança e pode ser que o empresariado volte a investir. Acho que trabalhar com crescimento ainda é otimismo. A princípio, 2017 deve ser um número próximo de zero, mas abre uma perspectiva bem positiva para 2018.”

Petrassi diz que a leitura feita pelo FMI em relação ao Brasil tem a ver com os problemas enfrentados pelo país: 

"A disciplina fiscal foi totalmente abandonada pelo Governo Dilma. Vale lembrar que o Lula entregou um superávit primário de 3% do PIB e hoje a gente tem déficit de 2%, houve preços administrados controlados. Isso tudo implodiu numa inflação acima de 10% em 2015, e isso demora a ser reconstruído, mas a gente torce para que o novo governo que venha tenha coragem de tomar medidas mais drásticas, como atacar a Previdência. Se essas medidas forem bem calibradas, aí, sim, a gente pode pensar em um crescimento mais robusto para 2018 e, quem sabe, a partir do segundo semestre de 2017.”

Paulo Petrassi reconhece, porém, que serão medidas dolorosas não só no plano fiscal como também na economia, até com uma necessária calibragem do Banco Central. Segundo ele, mesmo com o afastamento de Dilma, o novo Governo não teria como resolver todos os problemas em dois anos e oito meses, mas teria a perspectiva de tomar medidas concretas que pudessem deixar para o futuro presidente, na próxima eleição, um cenário econômico muito mais tranquilo.

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