Timofei Bordachev, diretor da Faculdade da Economia Mundial e Assuntos Internacionais da Escola Superior da Economia da Rússia, e Vladimir Vorozhtsov, especialista em defesa e major-general reformado do Ministério do Interior russo, partilharam a sua opinião durante uma conferência recentemente realizada do Conselho de Política Externa e de Defesa (SVOP, na sigla em russo).
O terrorismo no mundo de hoje e o Ocidente
A diferença principal entre os terroristas do passado e os de hoje, notou o especialista, é que "o terrorismo atual desencadeia a guerra não só contra a Europa", ou contra um país em particular, "mas contra toda a civilização ocidental. Muitas vezes, os países que se encontram sob ataque não são aqueles que, do ponto de vista dos terroristas, são os mais “culpados”, mas aqueles que estão mais desprotegidos," e a Bélgica é o melhor exemplo disso.
Comentando o assunto, Vladimir Vorontsov sublinhou por seu lado que o terrorismo islâmico na Europa ainda não atingiu o ponto crítico:
"É necessário compreender que os líderes do Daesh [grupo terrorista proibido na Rússia] ainda não concentraram seriamente a sua atenção na Europa. Os recentes atentados em países europeus não são tanto políticos como simbólicos."
A crise migratória na realidade é uma crise de governança
Falando da crise dos refugiados migrantes na Europa, Borodachev disse:
"[A Europa atual] não está vivendo tanto uma crise migratória como uma crise de governança política, ambos ao nível da UE e ao nível de diversos Estados.”
Resumindo, Bordachev sublinhou que "é necessário compreender corretamente a natureza dos problemas atuais da Europa. Muitos creem que os países da UE desistiram da sua soberania nacional, mas na realidade isso não é verdade. A recente crise na zona de euro foi causada pela falta de uma política econômica comum e a crise migratória – pela falta de uma política comum de policiamento."