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Bela e recatada para lucrar: Por que a mídia insiste na vida pessoal de Marcela Temer?

© José Cruz/Agência Brasil/FotosPúblicasMichel e Marcela Temer na cerimônia de posse da presidenta Dilma Rousseff
Michel e Marcela Temer na cerimônia de posse da presidenta Dilma Rousseff - Sputnik Brasil
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Após o perfil publicado pela Veja sobre os atributos femininos de Marcela Temer, a esposa do vice ganhou destaque mais uma vez na grande mídia do país: dessa vez, em reportagem do Estadão, que foi a Paulínia, cidade-natal da moça, para relatar o "entusiasmo" dos comerciantes locais com a possibilidade de ver a "bela recatada" como primeira-dama.

Mesmo com a repercussão extremamente negativa da matéria da Veja – principalmente entre o movimento feminista, que fez bombar nas redes sociais as hashtags #VejaMachista e #belarecatadaedolar, ao lado de fotos irônicas postadas por mulheres de todo o Brasil –, parece que a imagem de Marcela Temer caiu mesmo no gosto da mídia conservadora.

​A reportagem do Estadão, publicada neste domingo (24), afirma que “a possibilidade de Marcela Temer tornar-se uma figura de relevância nacional já aguça a sensibilidade de quem vive do comércio”, e para tanto cita “um dos grandes empresários locais” de Paulínia, amigo da família, “conhecido na cidade como Chiquinho dos Pisos”. Segundo a publicação, Chiquinho estaria vibrando com a possibilidade de poder lucrar com a instalação dos pisos e azulejos da “mansão” que o casal Temer pudesse vir a construir em Paulínia depois de assumir o Palácio da Alvorada (hipótese negada pelo tio de Marcela, segundo informa o jornal).  

Marcela Temer (extrema direita) na cerimônia de posse da presidenta do Brasil, Dilma Rousseff - Sputnik Brasil
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Em seguida, porém, após dizer que a “alma caipira ainda resiste no modus operandi da política local e nas relações interpessoais” dos paulinenses, a reportagem se lança a uma “investigação” sobre o passado de Marcela. Não deixando nada a dever às personagens mais alcoviteiras do folclore brasileiro, os jornal procurou amigos da família, ex-colegas de escola e até mesmo o tatuador que gravou na nuca da moça o nome de Michel Temer, desencavando histórias que vão desde o passado petista do pai de Marcela à sua suposta contrariedade ao ficar em segundo lugar em um concurso de miss local. Uma ex-colega de escola “revela” ao jornal que, de fato, Marcela “nunca foi de se enturmar com ninguém, não saía, não ia para as festas”. 

No entanto, além do tal Chiquinho dos Pisos, não fica claro a quem o Estadão se refere quando diz na manchete que “Paulínia torce por Marcela no Alvorada”. Por outro lado, é bastante claro que a imagem da “bela recatada” ainda serve de alguma forma à campanha midiática em torno do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, apesar do discurso aparentemente neutro adotado pela matéria. Ao menos, é o que pensam muitos internautas que ficaram perplexos com o destaque dado à esposa do vice-presidente. 

Para além do suposto interesse em desvendar as verdades e os mitos da vida pessoal de Marcela (“era séria e responsável”, “tem responsabilidade social”, dizem as “fontes” ouvidas pelo Estadão), a insistência na pauta tem evidenciado para muitos leitores o esforço de preparação midiática do público para a melhor aceitação de Temer na presidência – mesmo que seja apenas pelas supostas virtudes de sua mulher, ou do suposto “business que uma primeira-dama pode gerar”.

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