Mesmo com a repercussão extremamente negativa da matéria da Veja – principalmente entre o movimento feminista, que fez bombar nas redes sociais as hashtags #VejaMachista e #belarecatadaedolar, ao lado de fotos irônicas postadas por mulheres de todo o Brasil –, parece que a imagem de Marcela Temer caiu mesmo no gosto da mídia conservadora.
#Belarecatadaedolar
— Karina Araujo (@karinaaraujorp) 20 апреля 2016 г.
Sou mais a véa desbocada e do bar! pic.twitter.com/NnFBnJUgf8
A reportagem do Estadão, publicada neste domingo (24), afirma que “a possibilidade de Marcela Temer tornar-se uma figura de relevância nacional já aguça a sensibilidade de quem vive do comércio”, e para tanto cita “um dos grandes empresários locais” de Paulínia, amigo da família, “conhecido na cidade como Chiquinho dos Pisos”. Segundo a publicação, Chiquinho estaria vibrando com a possibilidade de poder lucrar com a instalação dos pisos e azulejos da “mansão” que o casal Temer pudesse vir a construir em Paulínia depois de assumir o Palácio da Alvorada (hipótese negada pelo tio de Marcela, segundo informa o jornal).
No entanto, além do tal Chiquinho dos Pisos, não fica claro a quem o Estadão se refere quando diz na manchete que “Paulínia torce por Marcela no Alvorada”. Por outro lado, é bastante claro que a imagem da “bela recatada” ainda serve de alguma forma à campanha midiática em torno do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, apesar do discurso aparentemente neutro adotado pela matéria. Ao menos, é o que pensam muitos internautas que ficaram perplexos com o destaque dado à esposa do vice-presidente.
Quem é Paulínia e desde quando a Marcela Temer vai assumir alguma coisa no Alvorada? https://t.co/A0OLmCcIhP
— Do bar (@Nadynne) 24 апреля 2016 г.
Não quero Michel #Temer como Presidente. Muito menos Marcela como 1¤ Dama. Acredito que grande parte dos Paulinenses também não. #Paulínia
— Claudia Nascimento (@Claudia_CLN) 24 апреля 2016 г.
Para além do suposto interesse em desvendar as verdades e os mitos da vida pessoal de Marcela (“era séria e responsável”, “tem responsabilidade social”, dizem as “fontes” ouvidas pelo Estadão), a insistência na pauta tem evidenciado para muitos leitores o esforço de preparação midiática do público para a melhor aceitação de Temer na presidência – mesmo que seja apenas pelas supostas virtudes de sua mulher, ou do suposto “business que uma primeira-dama pode gerar”.