Segundo levantamento da Secretaria de Educação, as ocupações, que começaram em final de março, já atingem 66 colégios na Região Metropolitana do Rio e em cidades do interior do estado, que atendem a cerca de 68.500 estudantes. Emergencialmente, o governo autorizou pedidos de transferência de alunos das escolas ocupadas para outras que estão funcionando. A medida, porém, é vista como inócua por muitos especialistas, pois, além de envolver trâmites burocráticos, implicaria em fazer o aluno ser transferido para uma unidade longe de seu local de residência.
Sondagem realizada pela Assembleia Nacional de Estudantes Livres (Anel) revela que 68 escolas estão ocupadas em 23 cidades fluminenses. Procurada pela Sputnik, contudo, não foi possível qualquer contato telefônico com representantes da Anel, assim como os pedidos de entrevista não foram respondidos por email. A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) igualmente não dispunha de um porta voz para comentar números e paralisações. A Sputnik também procurou, aleatoriamente, contato com estudantes em 12 escolas ocupadas, mas não conseguiu contato telefônico com nenhuma.
Diferentemente da rotina diárias, os alunos que ocupam as unidades dedicam-se a diversas atividades, seja em serviços de limpeza e na cozinha. No Colégio Estadual Amaro Cavalcanti, no Largo do Machado, os manifestantes dispõem até de barracas para dormir durante a ocupação. Para manter essa estrutura, contam com doaçoes de água mineral, artigos de higiene e limpeza. Um dos alunos que ocupa a escola, que pediu para não se identificar, conta os motivos da ocupação:
"As escolas estavam sem voz, os alunos estavam sem voz. A ocupação começou em solidariedade a outras escolas que assim como nós tenta recorrer aos nossos direitos."
Entre os direitos citados pelo estudante, uma reivindicação comum a todos os colégios ocupados diz respeito a melhores condições de uso do equipamentos, como ar condicionado, indicação do diretor da unidade por votos de alunos, pais e professores e não mais por processo interno da secretaria mediante critérios técnicos, e diminuição do número de estudantes por sala de aula que, segundo eles, estão lotadas. Já os professores reivindicam reajuste de salários, novo calendário de pagamento e melhores condições de trabalho. Em assembleia na terça-feira passada, a categoria decidiu manter a paralisação que já dura mais de 50 dias.
Do lado do governo estadual, o chefe de gabinete da Secretaria de Educação, Caio Castro Lima, disse que defende a desocupação das escolas e pede respeito ao próximo.
"Fizerem sua movimentação, foram ouvidos, a secretaria reconheceu suas falhas, pediu desculpas, mas já se chegou ao limite, vamos ter aulas."