O diagnóstico serviu como base para uma queixa que Desnard apresentou contra o seu empregador na Inspeção Estatal de Trabalho. Em março de 2014, na hora de dirigir o seu carro, Desnard teve um ataque epiléptico, provocando um acidente rodoviário. A recuperação do francês demorou 6 meses de licença médica. No resultado ele perdeu o emprego sob alegação de ‘ausência de longa duração’. Assim, surgiu na cabeça dele a ideia de provar na justiça, que o motivo da ataque epiléptico, assim como o de síndrome de burnout, era o trabalho dele, sendo assim a culpa não foi dele, mas sim – do empregador.
“Infelizmente, não existe um entendimento integral sobre o que é a doença do esgotamento profissional no resultado de trabalho chato. Uns argumentam que é algo oposto ao síndrome de esgotamento emocional (burn-out), outros dizem que é uma das formas desta doença. Cabe ao judiciário tomar a decisão final, só espero que certas sintomas da minha doença sejam reconhecidas, e que seja difinida a diferença do meu mal-estar do sindrome de esgotamento emocional”, disse Desnard explicando os seus objetivos.
Ele confessa que antes do acidente de 2014, não conhecia de que sofria exatamente. Pôs-se a pesquisar na Internet e ficou atemorizado pela possibilidade eventual de “perder o emprego e ficar sem salário”.
Mas há também outro temor, diz Desnard. O ataque de 2014 ocorreu em plena condução de um carro. Imaginando que uma pessoa pode desmaiar em outra situação, dá medo: “Luto igualmente para direitos daqueles que marcam sua presença neste universo pela frase ‘trânsito interrompido por motivo da queda de uma pessoa nos trilhos’. Luto para que tenha menos anúncios destes”.
“Esperamos que o órgão público se pronuncie sobre todos os nossos pedidos, fazendo o empregador recordar que qualquer contrato é bilateral, sendo o empregador obrigado de incumbir funcionário com o encargo e pagar pela tarefa cumprida, e o funcionário – obrigado de cumprir este trabalho encarregado a ele. No caso de Frédéric Desnard, o empregador não ofereceu ao seu funcionário encargos, o que levou a problemas sérios de saúde física e emocional deste último. Ou seja, teve lugar a violação das obrigações contratuais, provocando o vício, que segundo as pesquisas recentes atinge um terço de empregados da França – violência ou sofrimento. Isso já é uma questão de saúde pública”.
Charni insiste que a doença de esgotamento profissional no resultado de trabalho chato deve “entrar na lista de doenças profissionais, para que no futuro não percamos nosso tempo e esforços nos processos judiciais complicados e cansativos, que sempre demoram até que seja reconhecido este fenômeno”.