Durante um encontro do G7 no Japão, Ernest Moniz informou que os EUA já tinham começado os fornecimentos de GNL aos países da América do Sul, UE e Ásia, inclusive ao Japão, para o qual eles intentam vender 80 milhões de toneladas do combustível por ano. Isso seria suprir a necessidade de consumo anual deste país.
Entretanto, o Japão, de acordo com vários observadores, já está comprando gás russo, e a declaração do secretário americano é equivalente a uma ameaça de fazer a Rússia recuar deste mercado.
Dmitry Aleksandrov, vice-diretor da empresa de investimentos UNIVERKapital, diz que a declaração de Ernest Moniz não tem nenhum fundamento que a faça possível.
“Os planos declarados são grandes. Mas a realidade, de acordo com a informação do Departamento de Energia dos EUA, é que o volume da exportação no ano 2023 pode atingir 52-58 milhões de toneladas por ano”, disse Aleksandrov à Sputnik.
“O problema não é a área de comércio, mas a prontidão dos EUA à forte concorrência de preços, pois é praticamente impossível, do ponto de vista tecnológico, concorrer na Europa com a África do Norte ou o Qatar, e com a Rússia — no Japão. É a direção da transportação absolutamente outra, é mais longe dos EUA. Então, precisam de outras facilidades, dumping, na verdade”.
No entanto, Aleksandrov afirmou que os EUA podem ter no primeiro lugar os planos não financeiros, mas políticos.
“Quem assegura o desenvolvimento tecnológico e energético dos países grandes, especialmente dos países isolados, tais como o Japão ou a Coreia do Sul, que não têm um sistema de gasodutos, tem alavancagem adicional… Qualquer ameaça de embargo, sanções, mesmo restritas e setoriais, pode influenciar drasticamente as empresas maiores. E por isso eles têm de considerar outros assuntos também. Nós vimos isto quando o Japão tinha de acompanhar às sanções contra a Rússia, embora tivessem declarado a alto nível que não queriam fazê-lo, mas foram obrigados a isso”, concluiu Aleksandrov.