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Agência volta a piorar avaliação econômica do Brasil

ENTREVISTA COM PAULO PETRASSI
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Pela segunda vez em menos de seis meses, a agência de classificação de risco Fitch voltou a rebaixar o rating do Brasil, da nota BB+ para BB, colocando o país no segundo patamar de grau especulativo.

O relatório da Fitch justifica o rebaixamento, da nota BB+ para BB, pelo fracasso dos esforços do governo em equacionar o aumento da dívida pública, pela debilidade da economia e pelo cenário político conturbado que gera um grande grau de incertezas no agentes econômicos. Agora, a Fitch se junta a avaliação das duas outras agências, a Standard&Poor´s e a Moody´s que também colocam o país no segundo grau da escala especulativa de ratings. A decisão da Fitch não surpreendeu o mercado, mas o segundo rebaixamento em seis meses e a manutenção do viés de baixa — que significa nova possibilidade de baixa caso não sejam adotadas medidas significativas de correção econômica — preocupa vários analistas.

O sócio da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, diz que o rebaixamento fez a Fitch se alinhar com as duas outras agências na compreensão negativa do cenário econômico brasileiro.

"Os argumentos são absolutamente sólidos, principalmente em cima dos números fiscais, pois a situação brasileira é dramática hoje. Vale lembrar que a gente vem de um superávit primário de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) para um déficit de 2%, com a relação dívida pública x PIB  devendo chegar no ano que vem a 80% do PIB. São números muitos ruins, junto com uma economia que tem previão de decréscimo de 4% para este ano."

Petrassi afirma que o rebaixamento já era esperado, apesar do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de abril de 0,61%, divulgado nesta sexta-feira, 6, e dos indicadores da economia americana mais fraca, com a menor geração de emprego nos últimos sete meses.

Para o sócio da Leme Investimentos, é possível esperar um novo rebaixamento daqui a alguns meses caso o novo governo não tome medidas mais fortes no âmbito do controle de gastos. 

"Acho que as agências vão esperar mais um pouco, uns dois ou três meses, mas caso o Temer não consiga melhorar os números, nem conter os gastos, provavelmente vamos ter outro rebaixamento. Vale lembrar que já estamos igual a países como Bolívia, Cazaquistão e por enquanto não tem alívio não."

Para o ano que vem as incógnitas ainda são muitas, embora, segundo a pesquisa semanal Focus, realizada semanlmente pelo Banco Central com as cem maiores instituições financeiras no país, a previsão é de novo número negativo que, caso se confirme, deixaria o Brasil mergulhado em recessão por três anos.

Petrassi se mostra cauteloso quanto a uma recuperação mais robusta da economia brasileira em 2017.

"Alguns bancos, como o Itaú, já falaram em até 1% de alta, mas parece muito prematuro. O centro da questão toda é o lado fiscal. Se houver uma contenção maior dos gastos, aí se abre uma expectativa para uma melhora com a volta dos investimentos. A gente tem uma indústria que cai 10% ao ano. O que a gente precisa hoje são de medidas muito mais fortes do lado fiscal. É intenção dele (Michel Temer), é o discurso do Meirelles, que é o provável ministro da Fazenda, mas a gente vai ter que aguardar. É muito fácil falar, mas na hora que tem que cortar na carne, cortar ministérios, quando você vai mexer na politicagem, a coisa fica muito mais complicada."

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