Leia a íntegra do comentário, primeiro publicado no Wiener Zeitung.
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Dizem que o encontro de Angela Merkel com Barack Obama em Hanôver, na véspera do fim da presidência do último, passou em uma atmosfera de amizade. Mas oito anos atrás os encontros da chanceler alemã com o antecessor de Obama, George Bush, também foram quentes. Há oito anos, também tinha protestos impetuosos, que o governo federal tomou em consideração encolhendo os ombros.
O que foi a tarefa principal para Obama e um “acordo ambicioso” para Merkel, na visão de críticos significa a renúncia total da soberania nacional e da autodeterminação em assuntos econômicos, políticos e sociais, começando com a liberação de importações de produtos geneticamente modificados e terminando com a transmissão de dados pessoais.
A data do encontro foi escolhida com um motivo. A crise ucraniana ressuscitou a situação de uma nova Guerra Fria na fronteira russa. Tendo em conta a volta (também calculada estrategicamente) de Riad (capital da Arábia Saudita) ao Irã, a parceria estratégica com os árabes está a ponto de escapar do controle por causa da discordância sobre a reorganização do Oriente Médio. Além disso, a China se precipita a realizar um projeto da nova Rota da Seda, orientada a reunir as economias da Ásia Central e Oriental, da Rússia e Europa. Por esta razão, os EUA estão tentando resistir à expansão do mercado da China em diferentes áreas. Por um lado, as empresas de telecomunicações Huawei e ZTE têm de trabalhar sob as sanções. Por outro lado, Obama está avançando à ratificação do TTIP com a Austrália e alguns países do Oceano Pacífico. Em fevereiro este acordo foi assinado por 12 países.
Os representantes dos governos europeus têm de estar preparando uma decisão sobre qual Europa eles querem levar às gerações futuras. Eles querem uma Europa que, além da sua dependência da política externa agressiva dos EUA, dependerá deles economicamente? Querem uma união de países sob controle total, com cidadãos privados de todo direito de participar da tomada de decisões e que não têm outra opção senão aderir a partidos radicais? Ou, apesar de tudo, a Europa vale voltar para o seu papel intermediário, quando a vontade do povo é respeitada e tomada em consideração?
É evidente que Obama e Merkel já tomaram a sua decisão.
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