Segundo Dilma, nada ainda era oficial, portanto, era preciso ter cautela, pois para a Presidenta o país vive em uma conjuntura de manhas e artimanhas. Dilma ressaltou para os que gritavam "Não vai ter golpe", que ainda vai ter muita luta pela frente.
“Eu estou falando aqui porque eu não podia de maneira alguma fingindo que eu não estava sabendo da mesma coisa que vocês estão, mas não é oficial, não sei as consequências. Tenham cautela, nós vivemos uma conjuntura de manhas e artimanhas. Nós temos que saber, que temos pela frente uma disputa dura, uma disputa cheia de dificuldades. Peço encarecidamente, aos senhores parlamentares e a todos nós uma certa tranquilidade para lidar com isto. É fundamental que a gente perceba que as coisas não se resolvem assim. Vai ter muita luta, vai ter muita disputa. Muita.”
Dilma voltou a dizer que há no momento um golpe contra várias coisas que a democracia propiciou a todos no país, e que é preciso continuar defendendo a democracia e lutar contra o processo que chamou de irregular.
“A minha disposição de lutar até o fim passa por ter clareza, que agora mais do que nunca nós precisamos de defender a democracia, lutar contra o golpe, lutar contra todo esse processo extremamente irregular, que foi o meu golpe. Nós vamos sempre resistir pela democracia. Vamos ter uma pauta clara de luta, e vamos confiar principalmente na forma de todos nós juntos.”
Em nota divulgada para a imprensa, Waldir Maranhão, disse que acolheu os argumentos do advogado-geral da União(AGU), José Eduardo Cardozo, por compreender que no processo de votação ocorreram vícios, tornando nula a sessão.
Segundo Maranhão, durante as sessões realizadas nos dias 15, 16 e 17 de abril na Câmara os partidos não poderiam ter orientado a votação; os deputados não poderiam ter anunciado seus votos previamente; e a defesa da presidente não poderia ter deixado de falar por último.
"Acolhi as demais arguições, por entender que efetivamente ocorreram vícios que tornaram nula de pleno direito a sessão em questão. Não poderiam os partidos políticos ter fechado questão ou firmado orientação para que os parlamentares votassem de um modo ou de outro, uma vez que, no caso deveriam votar de acordo com as suas convicções pessoais e livremente. Não poderiam os senhores parlamentares antes da conclusão da votação terem anunciado publicamente os seus votos, na medida em que isso caracteriza prejulgamento e clara ofensa ao amplo direito de defesa que está consagrado na Constituição. Do mesmo modo, não poderia a defesa da Sra. Presidente da República ter deixado de falar por último no momento da votação, como acabou ocorrendo."
Waldir Maranhão pediu ainda que o processo seja devolvido pelo Senado Federal e determinou que seja realizada nova sessão para votar o pedido de impedimento de Dilma Rousseff no prazo de cinco sessões contados a partir da devolução do processo.
A medida do presidente interino da Câmara de anular o impeachment já chegou ao Senado, que previa para esta segunda-feira (9) a leitura no plenário do resultado da votação do parecer do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), favorável à abertura do processo de impedimento contra Dilma, que foi aprovado na sexta-feira(6) pela Comissão Especial no Senado por 15 votos a favor e 5 contrários.
O presidente da Comissão do Impeachment no Senado, Raimundo Lira, disse não ver efeito prático na decisão de Waldir Maranhão. Segundo Lira, a votação no Plenário do Senado, prevista para quarta(11), está mantida. A decisão, no entanto, vai ser dada pelo Presidente do Senado, Renan Calheiros.