Aparentemente, os senadores têm uma missão simples no curso desta votação: dizer “sim” ou “não” à pergunta se identificam condições legais para que a presidente seja afastada do seu cargo por lhe ser atribuído o cometimento de crime de responsabilidade.
Como a votação é eletrônica, não há necessidade de preâmbulos nem de discursos de exaltação à família, como se viu na votação de 17 de abril na Câmara dos Deputados, em que 367 deputados disseram “sim”, 137 disseram “não”, 7 se abstiveram e 2 faltaram.
No entanto, a missão não é tão simples: a decisão majoritária ditará os rumos do Brasil daqui para a frente: se Dilma Rousseff ficar, ela terá de repensar não só o seu Governo como, principalmente, a sua forma de governar e, principalmente, de fazer política e de se relacionar com o Congresso Nacional. Se ela for afastada – e, por enquanto, por até 180 dias, o prazo máximo para o seu julgamento pelo Senado –, o Vice Michel Temer assume a Presidência da República e terá como missão inicial dar novos rumos ao país. Uma missão na qual ele não pode falhar.
Para muitos, o possível Governo Michel Temer já começou, na medida em que sua equipe ministerial está se definindo e que, segundo a mídia, o seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, iniciou conversações com os governadores para buscar soluções visando ao pagamento da dívida das unidades da Federação com a União e, por consequência, o novo relacionamento que deverá surgir entre o Governo Federal, Estados e Distrito Federal.
Ao mesmo tempo, Michel Temer sabe que terá de olhar para fora do país, redefinindo a política externa do Brasil. Este é um momento-chave para o Brasil, em que investimentos externos se fazem mais do que necessários e a recuperação da confiança interna da nação também se impõe. Para isso, será necessário trabalhar arduamente, conciliando as preocupações políticas, econômicas e diplomáticas. Seja quem for que estiver à frente da Presidência do Brasil.