O encontro da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (Eurolat) que terminou nesta quarta-feira em Lisboa foi marcado pelo intenso debate sobre a crise política no Brasil. Com a presença de pelo menos oito parlamentares brasileiros, sendo dois aliados do presidente interino Michel Temer e seis da base da presidenta Dilma Rousseff, o assunto impeachment dominou as conversas nos bastidores e em algumas sessões do parlamento.
No texto, as parlamentares afirmam que “as recentes mudanças políticas no Brasil, onde afastaram da posição de primeira mulher eleita presidente da República e surgiu um governo interino composto exclusivamente por homens brancos e sem respeitar a diversidade da população brasileira” são “inconcebíveis” em 2016.
“Em 2016 é inconcebível um governo sem a representação das mulheres e das minorias. As conquistas e os direitos das mulheres estão relacionados diretamente aos espaços políticos de participação e representação”, diz o texto.
“A representação não é meramente simbólica. Tem consequências na vida social e política dos países. O governo interino do vice-presidente Michel Temer desencoraja as mulheres e as minorias em busca de espaços na política do Brasil”, afirmou a deputada hondurenha.
Três senadoras brasileiras participam do encontro da Eurolat e foram pegas de surpresa pela leitura do comunicado em plenário. Gleisi Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) e Lídice da Mata (PSB-BA) comemoraram o suporte recebido.
Além das três senadoras que apoiam Dilma, também participam do encontro os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Roberto Requião (PMDB-PR), e o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP). Dois parlamentares brasileiros que se posicionaram a favor do impeachment fizeram questão de ressaltar que optaram por viajar a Portugal para fazer “o contraponto” ao discurso dos aliados de Dilma.
O senador José Medeiros (PSD-MT) e o deputado federal Hiran Gonçalves (PP-RR) contaram que souberam que a delegação brasileira estaria composta majoritariamente por parlamentares aliados de Dilma e se disponibilizaram a participar da Eurolat para rechaçar o discurso do golpe institucional no Brasil.
Venezuela
A crise na Venezuela foi outro tema muito debatido na Eurolat. Nos corredores, dois parlamentares chegaram a trocar acusações aos gritos. O italiano Antonio Tajani, um dos vice-presidentes do Parlamento Europeu e Dario Vivas, um deputado venezuelano defensor do governo, protagonizaram uma discussão acalorada diante da imprensa.