Tanto Jucá quanto Machado são investigados no esquema de corrupção da Petrobras.
As conversas divulgadas entre Jucá e Machado, aconteceram em março deste ano, algumas semanas antes da votação na Câmara sobre a abertura do impeachment contra a presidenta agora afastada, o que reforça a ideia de que a tentativa de instalar Michel Temer na presidência da República fez parte de um golpe organizado entre o PMDB, o PSDB de Aécio Neves, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a grande mídia, que, segundo Jucá, só pararia de falar na Lava Jato se Dilma caísse.
De acordo Romero Jucá, não há problema algum em ser investigado pela Lava Jato, e ressaltou que se tivesse algo a esconder, não teria assumido a presidência do partido PMDB em um momento de conflito com o PT.
“Não há nenhum demérito em ser investigado. Todos podem ser. O demérito é ser condenado. Disse e repito, não tenho nenhum temor de ser investigado na Operação Lava Jato, ou em qualquer outro processo de investigação. Não tenho nada a temer. Não devo nada a ninguém. Se tivesse medo, se tivesse telhado de vidro, não teria assumido a presidência do PMDB, num momento de confronto com o PT, para ajudar a conduzir o processo de afastamento da Presidenta (Dilma), e defendendo o impeachment. Portanto, se tivesse medo de briga, não estaria nesse processo da forma como entrei. Se tivesse algum medo, não teria o meu posicionamento claro e cristalino desde 2012,” afirmou Jucá aos jornalistas.
De acordo com os trechos da gravação mostrados pelo Jornal, Jucá respondeu a Sérgio Machado, que “tem que mudar o governo para poder estancar essa sangria”. Ao ser questionado sobre o trecho, se ele estava concordando para parar a operação Lava Jato, Romero Jucá negou e disse que estava se referindo a situação economia do país.
“Não. Eu estava conversando com ele sobre a economia, e ele disse que o país está parado, e eu disse que realmente há uma sangria no Brasil hoje, nós temos que estancar essa sangria, e tem que delimitar as responsabilidades. Isso eu tenho cobrado e nas entrevistas eu tenho falado isso. Para mim delimitar responsabilidade é dividir quem tem culpa, de quem não tem culpa. Delimitar responsabilidade não é paralisar investigação. Delimitar é apontar responsabilidades e punir quem tem culpa. Evita a sangria é evitar o desemprego, o fechamento de empresas, a falta de credibilidade e o sofrimento da sociedade brasileira. Sangria não é a questão da Lava-Jato, porque os responsáveis já estão sendo investigados.”
O Ministro ressaltou, que não há a mínima chance de interferência do Executivo sobre qualquer tipo de investigação e garantiu que os trechos apresentados pela Folha de São Paulo fazem parte de uma longa conversa e que o Jornal mostrou apenas frases soltas fora do contexto.
Jucá ainda disse aos jornalistas, que não pensava e não teriam motivos para que ele deixasse o cargo no governo, mas ressaltou que a decisão estava nas mãos do Presidente interino Michel Temer. Após a coletiva, o ministro do Planejamento, disse em entrevista no Congresso Nacional depois que Michel Temer entregou a proposta de meta fiscal revisada, que vai se licenciar do cargo a partir desta terça-feira (24) até o Ministério Público Federal se manifestar sobre as denúncias contra ele.
"Vamos aguardar a manifestação do Ministério Público com toda a tranquilidade, porque estou consciente que não cometi nenhuma irregularidade e muito menos qualquer ato contra a apuração da Lava Jato, apoiei a Lava Jato. Enquanto o Ministério Público não se manifestar, aguardo fora do ministério. Depois disso, caberá ao presidente Temer me reconvidar ou não, ele vai discutir o que vai fazer", afirmou.
Jucá disse que vai protocolar ainda nesta segunda-feira (23) um pedido na Procuradoria-Geral da República (PGR) para que o órgão avalie se há alguma irregularidade na gravação, que comprometa a sua permanência no ministério. Enquanto estiver de licença, Jucá reassumirá o mandato de senador e permanecerá na presidência do PMDB, e o secretário-executivo Dyogo de Oliveira, passa a comandar o Ministério do Planejamento.
Antes da decisão pela licença, a reportagem já tinha caído como uma bomba no governo do presidente em execício Michel Temer, repercutindo diretamente no Senado. O senador Telmário Mota (do PDT —RR Roraima), por exemplo, informou que vai pedir ao Conselho de Ética do Senado a cassação do mandato do senador Romero Jucá, por tentativa de obstruir o trabalho da Justiça. Já para os petistas, áudios de Jucá explicitam os reais motivos do golpe, ou seja, tiraram Dilma Rousseff para barrar a Lava Jato.