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Romero Jucá diz que não tem nada a temer, mas decide se licenciar do cargo

REPORTAGEM JUCÁ 2 DE 23 05 16
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O Ministro do Planejamento, Romero Jucá, disse em entrevista coletiva, nesta segunda-feira (23), que não deve nada a ninguém e que não tem o que temer ao explicar o teor da conversa gravada entre ele e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, divulgada pela Folha de São Paulo, em que teria falado sobre barrar investigações da Lava Jato.

Tanto Jucá quanto Machado são investigados no esquema de corrupção da Petrobras.

As conversas divulgadas entre Jucá e Machado,  aconteceram em março deste ano,  algumas semanas antes da votação na Câmara sobre a abertura do impeachment contra a presidenta agora afastada, o que reforça a ideia de que a tentativa de instalar Michel Temer na presidência da República fez parte de um golpe organizado entre o PMDB, o PSDB de Aécio Neves, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a grande mídia, que, segundo Jucá, só pararia de falar na Lava Jato se Dilma caísse.

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De acordo Romero Jucá, não há problema algum em ser investigado pela Lava Jato, e ressaltou que se tivesse algo a esconder, não teria assumido a presidência do partido PMDB em um momento de conflito com o PT.

“Não há nenhum demérito em ser investigado. Todos podem ser. O demérito é ser condenado. Disse e repito, não tenho nenhum temor de ser investigado na Operação Lava Jato, ou em qualquer outro processo de investigação. Não tenho nada a temer. Não devo nada a ninguém. Se tivesse medo, se tivesse telhado de vidro, não teria assumido a presidência do PMDB, num momento de confronto com o PT, para ajudar a conduzir o processo de afastamento da Presidenta (Dilma), e defendendo o impeachment. Portanto, se tivesse medo de briga, não estaria nesse processo da forma como entrei. Se tivesse algum medo, não teria o meu posicionamento claro e cristalino desde 2012,” afirmou Jucá aos jornalistas.

De acordo com os trechos da gravação mostrados pelo Jornal,  Jucá respondeu a Sérgio Machado, que “tem que mudar o governo para poder estancar essa sangria”.  Ao ser questionado sobre o trecho, se ele estava concordando para parar a operação Lava Jato, Romero Jucá negou e disse que estava se referindo a situação economia do país.

“Não. Eu estava conversando com ele sobre a economia, e ele disse que o país está parado, e eu disse que realmente há uma sangria no Brasil hoje, nós temos que estancar essa sangria, e tem que delimitar as responsabilidades. Isso eu tenho cobrado e nas entrevistas eu tenho falado isso. Para mim delimitar responsabilidade é dividir quem tem culpa, de quem não tem culpa. Delimitar responsabilidade não é paralisar investigação. Delimitar é apontar responsabilidades e punir quem tem culpa. Evita a sangria é evitar o desemprego, o fechamento de empresas, a falta de credibilidade e o sofrimento da sociedade brasileira. Sangria não é a questão da Lava-Jato, porque os responsáveis já estão sendo investigados.”

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O Ministro ressaltou, que não há a mínima chance de interferência do Executivo sobre qualquer tipo de investigação e  garantiu que os trechos apresentados pela Folha de São Paulo fazem parte de uma longa conversa e que o Jornal mostrou apenas frases soltas fora do contexto.  

Jucá ainda disse aos jornalistas, que não pensava e não teriam motivos para que ele deixasse o cargo no governo, mas ressaltou que a decisão estava nas mãos do Presidente interino Michel Temer. Após a coletiva, o ministro do Planejamento, disse em entrevista no Congresso Nacional depois que Michel Temer entregou a proposta de meta fiscal revisada, que vai se licenciar do cargo a partir desta terça-feira (24) até o Ministério Público Federal se manifestar sobre as denúncias contra ele.

"Vamos aguardar a manifestação do Ministério Público com toda a tranquilidade, porque estou consciente que não cometi nenhuma irregularidade e muito menos qualquer ato contra a apuração da Lava Jato, apoiei a Lava Jato. Enquanto o Ministério Público não se manifestar, aguardo fora do ministério. Depois disso, caberá ao presidente Temer me reconvidar ou não, ele vai discutir o que vai fazer", afirmou.

Jucá disse que vai protocolar ainda nesta segunda-feira (23) um pedido na Procuradoria-Geral da República (PGR) para que o órgão avalie se há alguma irregularidade na gravação, que comprometa a sua permanência no ministério. Enquanto estiver de licença, Jucá reassumirá o mandato de senador e permanecerá na presidência do PMDB, e o secretário-executivo Dyogo de Oliveira, passa a comandar o Ministério do Planejamento.

Antes da decisão pela licença, a reportagem já tinha caído como uma bomba no governo do presidente em execício Michel Temer, repercutindo diretamente no Senado. O senador Telmário Mota (do PDT —RR Roraima), por exemplo, informou que vai pedir ao Conselho de Ética do Senado a cassação do mandato do senador Romero Jucá, por tentativa de obstruir o trabalho da Justiça. Já para os petistas, áudios de Jucá explicitam os reais motivos do golpe, ou seja, tiraram Dilma Rousseff para barrar a Lava Jato.

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