De um superávit de R$ 24 bilhões previstos pela equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, foi revisto um défcit inicialmente de R$ 96,6 bilhões que passou para R$ 170,5 bilhões, segundo cálculos da nova equipe.
Aos gritos de "fora, Temer" e "golpistas" o presidente interino estava acompanhado do novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles; do Planejamento, Romero Jucá: de Geddel Vieira, da Secretaria de Governo e Eliseu Padilha, da Casa Civil. Diante do clima de recepção do público, a visita ao gabinete de Calheiros durou de 16h30 às 16h50. Ao sair, Temer não falou com a imprensa, mas o presidente do Senado conversou com jornalistas e disse que a expectativa é que a nova meta fiscal seja votada nesta terça-feira.
Caso a matéria não seja apreciada no Congresso, a nova equipe econômica terá que cumprir a meta de superávit de R$ 24 bilhões prevista por Dilma, objetivo que seria praticamente inalcançável, segundo analistas, diante do estado de paralisia da economia, com arrecadações em queda e aumento das despesas. Também nesta terça-feira, o governo promete divulgar novas medidas econômicas para que o país retome o crescimento.
Perguntado se a aprovação da revisão passaria com facilidade no Senado, Calheiros respondeu que sim e justificou.
"A ninguém interessa que este governo entre na ilegalidade. Se nós não reduzirmos a meta, vamos repetir o que aconteceu com o governo anterior", disse o presidente do Senado.
Segundo vários analistas, as manifestações contra a ida de Temer ao Congresso foram agravadas pelo noticiário divulgado pela manhã, com a transcrição de uma conversa de pouco mais de uma hora entre Romero Jucá e o ex-presdiente da Transpetro Sérgio Machado. No diálogo, travado em meados de março, antes, portanto, da aprovação do pedido de impeachment da presidente Dilma no Senado e de seu afastamento no último dia 12, Jucá e Machado se mostravam preocupados com a permanência da presidente no cargo, combinavam estratégias para aprovação do impeachment, a convocação de uma frente contra Lula e a possibilidade de que a ampliação das delações premiadas por parte de dirigentes de empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato pudessem minar a credibilidade da base de apoio do novo governo.