Se tratou de Vinicio Montoya, estomatologista que se quase se havia tornado candidato a astronauta da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA). Um ano depois, ele chegou a Moscou a convite da agência espacial russa Roscosmos e visitou o Centro de Treinamento de Cosmonautas.
O longo caminho para o espaço
“Durante um longo período eu vivi de forma bastante desordenada. Mas depois de ter estado envolvido em um acidente, isso me forçou a rever a minha imagem da vida. Eu percebi o que no mundo existe só uma coisa que não se pode comprar- a vida. Foi então que eu decidi vivê-la de modo mais interessante” comunica Montoya.
O seu primeiro êxito foi a subida do monte Evereste até à altitude de 6 quilômetros. Depois ele fez uma lista de desejos – saltar de paraquedas, mergulhar, trabalhar com bombeiro e muitos outros. Muitos destes desejos já estão realizados.
Numa altura, a empresa que tinha o apoiado fez-lhe uma proposta de participar no programa de treinamento de astronautas, organizado por uma empresa privada norte-americana no âmbito do programa de voo suborbital.
Candidato a astronauta
Este programa deu-lhe a possibilidade de se tornar cosmonauta da NASA, porque ele passou com sucesso todos os testes de qualificação para obter este estatuto.
“O primeiro teste foi o voo num avião a jato. Foi examinada a possibilidade de desmaiar e lidar com o enjoo durante o comando de um avião a jato a uma velocidade de 1000 km/hora”, lembra Vinicio.
Depois ele passou os testes na centrífuga e muitos outros. Em resultado, ele foi autorizado a continuar o treinamento na NASA, mas foi dito a ele que “era necessário se naturalizar nos EUA”.
Segundo as normas norte-americanas, os estrangeiros podem passar o programa de treinamento de astronautas só em nome da sua agência espacial nacional. Se o país não têm tal agência, eles se devem deixar a cidadania atual e se naturalizar nos EUA.
Esta escolha foi muito difícil para Montoya. Ele não conseguiu trocar a sua pátria.
Após recusar a proposta ele regressou para a Guatemala e começou a buscar outras variantes.
"Fale com os russos"
A decisão foi aconselhada por Mamoru Mori, o primeiro astronauta japonês profissional, que voou para o espaço em 1992. Durante sua visita à capital da Guatemala, Montoya conseguiu se encontrar com ele e contar a sua história.
"Perguntei-lhe o que podia fazer. Ele disse: ‘Fale com os russos. A filosofia dos russos nos problemas do espaço é muito aberta’", lembra Montoya a resposta do astronauta japonês.
Depois de conversa com Mori, Vinicio andou de porta em porta em várias organizações e, finalmente, conseguiu relatar a ideia para o governo da Guatemala, que apoiou a iniciativa e fez um pedido formal por ocasião da visita de Sergey Lavrov. O ministro russo apoiou a ideia e deu os passos necessários para o seu desenvolvimento.
Viagem para Moscou
Após a receber o convite da empresa Roscosmos, ele viajou para a Rússia com a sua esposa e seu filho.
O momento mais importante da sua viagem foi o encontro com o chefe do Centro de Treinamento de Cosmonautas Yuri Gagarin.
“Eu lhe mostrei o meu programa ‘Expedição Espacial da Guatemala’, Este projeto tem objetivos históricos, tecnológicos e científicos, excedendo as fronteiras de um país e abarcando toda a América Central. Nossa região é uma das mais sujeitas às alterações climáticas e nós queremos contatar mais com o mundo“, conta ele.
No Centro de Treinamento de Cosmonautas ele visitou a nave espacial Soyuz, tomou conhecimentos das outras naves espaciais e falou com dois cosmonautas russos participantes da quinquagésima primeira expedição espacial para Estação Espacial Internacional.
“Nos discutimos tudo e a sua reação foi muito positiva e amigável; um deles disse que seria ótimo participar na expedição todos juntos” brinca ele.
Passos imediatos
"Agora eu preciso terminar a formação. Felizmente, a minha formação anterior foi creditada e, assim, a formação inicial leva 11 semanas em vez de um ano e meio", disse Vinicio.
O candidato a cosmonautas é otimista sobre o futuro, apesar de entender que é preciso ser paciente: "O nosso plano leva pelo menos três anos. No período até 2018 não há vagas nas expedições para órbita".
Espaço e filosofia
“Eu acredito que o espaço faz desaparecer os limites. As questões geopolíticas, de que se fala muito na Terra, no espaço perdem seu significado. Espero que as lições do espaço vão nos ajudar aqui, na Terra", diz Montoya, falando sobre a importância dos programas espaciais.
A Guatemala está muito grata à Rússia pelo convite para treinar no Centro Yury Gagarin, diz Vinicio.
"Somos um país que tem de olhar em frente. Vivemos durante muito tempo olhando para o passado, tivemos períodos de conflito na história, mas agora temos de olhar para frente, para o bem comum", diz Montoya.