De acordo com o áudio, Renan Calheiros ao conversar com Sérgio Machado defende mudanças na lei que trata da delação premiada, o que para a imprensa visava evitar que presos colaborem com as investigações, e que tem sido um procedimento usado na Operação Lava Jato.
Na gravação, Calheiros parece sugerir a possibilidade de “negociar” com o Supremo Tribunal Federal (STF) “a transição” de Dilma Rousseff, presidenta agora afastada. Tanto Machado, quanto Renan Calheiros são investigados na Lava Jato.
Ao conversar com os jornalistas, o líder do PMDB, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) afirmou que o teor da conversa entre Calheiros e Sérgio Machado, sobre possível mudança na lei de delação premiada, em nada compromete o presidente do Senado.
“Pelo o que eu li não vi absolutamente nada comprometedor. Aquilo que o Presidente Renan fala em um gravação clandestina, é o que ele já tinha tornado público para a imprensa brasileira, sobre qual era o posicionamento dele do ponto de vista da questão das delações. Absolutamente não há nada, nada, nada que possa comprometê-lo nessa gravação.”
Essa é a mesma opinião do líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PT-PA), que também não vê problema nos comentários feitos por Renan Calheiros.
“Eu acho que essas escutas, em relação ao Renan eu não vejo nenhuma gravidade. Comentar que tem que mudar esta ou aquela lei, eu acho que isso é próprio do parlamentar que está preocupado em solucionar os problemas do país.”
Paulo Rocha, no entanto, lamentou o episódio e criticou que a política brasileira está em um processo de degradação.
“A gente vê com muita preocupação esse ambiente na política brasileira. Há uma degradação da política no país. Acho que tudo isso é culpa própria do nosso Congresso. Nós não fomos capazes ainda de fazer uma Reforma Política que pudesse resolver o problema, por exemplo, do financiamento de campanha. A origem de tudo isso é essa questão. Quem financia política no Brasil?”
Através de nota, a assessoria de imprensa da Presidência do Senado Federal afirmou que “o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) tem por hábito receber todos aqueles que o procuram.” E, que “Nas conversas que mantém habitualmente, defende, com frequência, pontos de vista e impressões sobre o quadro. Todos os pontos de vista, evidentemente, dentro da Lei e da Constituição Federal".
Ainda segundo a assessoria da Presidência do Senado, “todas as opiniões do senador foram publicamente noticiadas pelos veículos de comunicação, como as críticas ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, a possibilidade de alterar a lei de delações para, por exemplo, agravar as penas de delações não confirmadas e as notícias sobre delações de empreiteiras foram fartamente veiculadas. A defesa pública de uma solução parlamentarista também foi registrada em vários artigos e colunas e o próprio STF pautou o julgamento do tema. O Senado, inclusive, pediu sua retirada da pauta".
Ainda na nota, o senador Renan Calheiros pede desculpas pelo trecho da gravação onde disse que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) teria medo da delação do ex-senador Delcídio do Amaral. Calheiros explica que não se expressou de forma adequada, e que na, na verdade, quis dizer que Aécio estava indignado com as falsas citações feitas ao seu nome.
Segundo a Presidência do Senado, “os diálogos não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer menção ou tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções irregulares,” e finaliza dizendo que “nada vai interferir nas investigações.”
Também por meio de nota, a Executiva Nacional do PSDB informou que vai "acionar na Justiça" o ex-presidente da Transpetro. O partido afirmou ser "inaceitável essa constante tentativa de acusar sem provas em busca de conseguir benefícios de uma delação premiada".