Introduzindo sanções contra a Rússia e ameaçando as vias marítimas da China, bem como cercando dois gigantes euroasiáticos com numerosas bases da OTAN, Washington só está acelerando a aproximação sino-russa e a cimentação da sua parceria.
“O resultado é que a Rússia e a China estão forjando os laços econômicos de longo prazo na Eurásia, que ultimamente se tornará o ponto focal do crescimento econômico mundial, pois a nova Rota da Seda chinesa – “Um Cinturão, Uma Rota” – liga a Rússia, a China, o Irã e outras regiões da Eurásia com a rede nova de trens de alta velocidade e portos, links energéticos, gasodutos, infraestrutura de eletricidade”, escreveu Engdahl no seu artigo para a revista New Eastern Outlook.
Por fim, a China pode se tornar para a Rússia o maior mercado de exportações de gás, eclipsando a UE.
Por outro lado, há relatos sobre planos da Corporação Nacional Petrolífera da China (CNPS, na sigla em inglês) de comprar a empresa russa Rosneft. Segundo as estimativas, em 2016, Moscou pode vender até 19,5 por cento das ações deste gigante petrolífero.
Mas isto não é tudo, nota o pesquisador americano.
“Em 3 de maio, o diretor geral do projeto do Terminal de Exportação Yamal LNG fez um anúncio que certamente não alegrou guerreiros das sanções em Washington. O consórcio russo assinou o contrato de empréstimo com os bancos chineses China Exim Bank e China Development Bank, que vai estender o empréstimo de 15 anos para o projeto com o valor de € 9,5 bi (R$ 37,7 bi), 75% da estimativa do financiamento total necessário a entrar na produção”, continuou o pesquisador.
“Também importante nas condições do processo de de-dolarização, que tem lugar na Rússia, China, Irã e outros países euroasiáticos, os empréstimos chineses serão denominados em euro, nem em dólares”, enfatizou Engdahl.
Em vez de introduzir sanções contra a Rússia e abrir as bases novas da OTAN na Europa, a UE deve saltar para a oportunidade de desenvolver novos mercados lucrativos na Eurásia, o que pode reanimar a economia europeia em estagnação mais do que a carga aumentada das despesas militares da OTAN.