Em uma pergunta sobre a viabilidade deste cenário, Vladimir Sazhin respondeu que as duras sanções econômicas contra o Irã, introduzidas pelos EUA e os seus aliados ocidentais, eventualmente persuadiram Teerã a assinar o compromisso reciprocamente acordado sobre o desenvolvimento do seu programa nuclear.
“Segundo Jake Sullivan, chefe da política externa na equipa de Clinton, a ideia é exercer a máxima pressão sobre Pyongyang e forçar o país a atender às demandas do Ocidente”, disse Sazhin à Sputnik.
“O Irã e a Coreia do Norte são dois mundos diferentes, policialmente, ideologicamente, socialmente e economicamente. Gravemente afetado pelas sanções internacionais, o Irã não se encontrava completamente isolado do resto do mundo. A sua economia continuou se desenvolvendo e integrando com o sistema econômico global, a produção e exportação de petróleo cresciam ao mesmo ritmo que a renda das pessoas”, notou Sazhin.
A doutrina ideológica de neo-shiismo de Homeini [líder da Revolução Islâmica] não exclui a prosperidade individual e a assistência do Estado aos cidadãos.
Pelo contrário, a ideologia da Coreia do Norte preconiza o isolamento completo do país do mundo externo, o coletivismo de estilo militar, o ascetismo e a autocontenção, o que significa que as sanções duras, que já estão em vigor, terão pouco resultado.
Além disso, a Coreia do Norte tem um patrocinador poderoso, a China, que é responsável por 70 por cento do volume de comércio do país.
Na sua tentativa de se tornar uma potência nuclear de pleno direito, a Coreia do Norte não é limitada por qualquer acordo legalmente vinculativo. Embora o acordo de 2015 com o Irã desse esperança que Pyongyang seguiria o processo, a Coreia do Norte excluiu rapidamente qualquer intenção de seguir o exemplo de Teerã.
“As negociações, se acontecerem, serão mais complicadas do que com o Irã. Claro que um análogo do cenário iraniano não é possível, mas a experiência obtida pelo grupo P5+1 no diálogo com Teerã é certamente inestimável”, diz o especialista em conclusão.