Macri 'apaga' os vestígios do passado na Casa Rosada

© flickr.com / Christian HaugenCasa Rosada em Buenos Aires
Casa Rosada em Buenos Aires - Sputnik Brasil
Nos siga no
Mauricio Macri está trabalhando a todo o vapor para acabar com todos os vestígios dos seus antecessores na Casa Rosada.

Presidente argentino Maurício Macri profere discurso na Casa Rosada depois de procurador federal da república entrar com um pedido de investigação da sua participação na offshore bahamense - Sputnik Brasil
Macri nega acusações: ‘Não tenho nada a ocultar’
Ao chegar à Casa Rosada, em fevereiro, Macri já tinha feito duas coisas, consideradas "iconoclastas". A primeira foi colocar na cadeira do escritório presidencial o cachorro Balcarce, talismã da sua campanha presidencial. A segunda foi remover do escritório dois grandes retratos a óleo: o do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, que morreu em março de 2013 aos 58 anos de idade, e o do marido de Cristina Kirchner, o ex-presidente argentino Néstor Kirchner, que morreu em 2010 aos 60 anos. Mas o seu desejo de apagar o passado recente não parou aí. Ele anunciou que vai retirar todos os retratos existentes no local.

Na Argentina, a alternância de poder entre peronistas e não peronistas sempre assume traços de "mudança radical". Os peronistas sempre tentam reinterpretar a História do país à imagem e semelhança do movimento (os ídolos, as vítimas, as datas simbólicas), enquanto os que lhes sucedem tentam apagar esses traços.

​Além dos retratos dos presidentes venezuelanos, o atual chefe de Estado quer remover os retratos dos líderes históricos da América Latina, entre eles Che Guevara, Juan Domingo Perón e outros. A coleção será transferida da Casa Rosada para o Espaço da Memória e dos Direitos Humanos.

The Panama Papers - Sputnik Brasil
Justiça argentina pede ajuda do Brasil nas investigações sobre o presidente Macri
Recentemente, ele declarou que escritório presidencial mais parece um museu do que um local de trabalho e substituiu os retratos por pinturas modernas e fotografias de Buenos Aires. Os retratos fazem parte da Galeria dos Patriotas Latino-americanos, inaugurada em 2010 pela ex-presidente da Venezuela Cristina Kirchner, que por sua vez removeu a estátua gigantesca de Cristóvão Colombo, dizendo que ele foi um "um imperialista invasor". A estátua foi substituída por uma heroína da guerra da independência da Bolívia, Juana Azurduy.

A decisão de Macri faz parte de seu esforço para acabar com os símbolos políticos herdados. Já ordenou alterar as notas com o retrato de Evita Perón, substituindo-o por vários animais típicos da Argentina.

Outra vítima da "deskirchnerização" foi a sala em homenagem a Néstor no Centro Cultural Kirchner, organizada pela esposa, uma instalação que mostrava o passado do ex-presidente por meio de fotos e depoimentos. Após a desmontagem da exposição, Macri colocou lá uma homenagem ao escritor Jorge Luis Borges.

​Também alguns dias atrás foi publicado um documento, com 223 páginas, chamado "O Estado do Estado", em que o novo presidente revela como encontrou todas as áreas da governação após o fim do mandato de Cristina Kirchner. Para além de ser um diagnóstico, o documento, cujo texto foi publicado no site oficial da Casa Rosada, inclui diversas denúncias como, por exemplo, a de que "a Casa da Moeda passou de 874 trabalhadores em 2010 para mais de 1700 em 2015".

Resta-nos adivinhar qual será o conteúdo de um futuro documento semelhante quando a era de Maurício Macri chegar ao fim.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала