O material, entregue pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) diariamente no Palácio do Planalto, estaria sendo desviado para outros endereços em Brasília. Ao constatar o desaparecimento diário do material, Dilma apelou à EBC para que retome as entregas.
Nesta quinta-feira, 9, o deputado federal Jorge Solla (PT-BA) conseguiu aprovar um requerimento na Comissão de Fiscalização, Finanças e Controle da Câmara dos Deputados cobrando explicações para o fato ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Para o ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardoso, são tentativas de constrangimento, de criar obstáculos para a atuação da presidente.
"É muito pequeno, muito mesquinho que situações desse tipo aconteçam".
A notícia surpreendeu a própria EBC, segundo Rita Freire, presidente do Conselho Curador do órgão.
"De início, não acreditamos, porque isso parece tão mesquinho, mas ao mesmo tempo, quando houve a entrevista da EBC do jornalista (Luis) Nassif com a presidenta Dilma, começamos a ver uma série de notas na imprensa falando em nome do Conselho Curador, em vetos em proibições. Essa entrevista vai ao ar hoje pela Rede Minas em parceria com a TV Brasil. Ninguém ouviu o Conselho Curador para falar em nosso nome."
A presidente do conselho da EBC admite que há um movimento para se tentar não dar voz à presidenta afastada, o que é muito grave e preocupante, segundo ela.
"Vimos que a presidenta estava solicitando ao atual presidente da EBC (Ricardo Melo), que é o legítimo, que ele mande o clipping para ela. A presidenta continua sendo a presidenta do Brasil. Ela está afastada de seu mandato, mas ela é a presidenta, e isso deve ser respeitado, a mídia pública deve ser respeitada e deve cobrir todas as vozes sérias desse debate."
Com relação ao requerimento ao ministro da Casa Civil, Rita que o conselho também aguarda essas explicações.
"O Conselho Curador tem que zelar pelos interesses da EBC, para que ela reflite a informação que vem das diversas vozes. Está muito claro que isso (a tentativa de isolamento da presidenta) faz parte dessa disputa de poder que hoje acontece no país — não dar voz, mobilidade, tranquilidade para a presidenta da República. A mídia tem que cobrir isso com seriedade. O que está em jogo no país é a democracia, o valor de um mandato que a população confere à presidenta, as leis que asseguram direitos."
Segundo Rita, o país está hoje com vários mandatários sob suspeita.
"A mídia tem que ter responsabilidade nesse momento e não atuar, como temos visto, boa parte da mídia atuando como parte desse jogo e dando maior visibilidade a um olhar sobre os fatos e ocultando outros. Estamos vendo que um dos olhares que não estão tendo espaço na mídia é o da presidente afastada."