O voto mais esperado era da deputada Tia Eron (PRB-BA), que votou a favor da cassação. Na semana passada, deputados da oposição acusaram que o Palácio do Planalto estava pressionando o partido PRB, para que Tia Eron votasse a favor de Cunha. Na ocasião, o governo negou qualquer tipo de interferência.
Isolada nos últimos dias para fugir da pressão de aliados e adversários, Tia Eron disse que estava votando com sua consciência, defendendo que seu partido não negociava votos por cargos ou outros benefícios. A deputada criticou ainda a imprensa por presumir que ela cederia a pressão do partido votando à favor de Cunha.
“Em relação a minha consciência, é nela que mora os valores, e reside a verdade. Importa dizer ainda que o meu partido que foi colocado no imaginário balcão, aonde a chantagem seria a moeda de troca. No PRB, lá não se troca votos por cargos ou qualquer outras vantagens. Nossa política é diferente. Eu função disso eu votei pela admissibilidade do processo de impeachment. Não entendi nada, fui hostilizada inclusive pelas mulheres. De todo modo, meus pares, colegas e Brasil. Eu não posso absolver o representado nessa tarde. Eu Não posso. Quero votar sim com o relatório do deputado Marcos Rogério.”
Com a aprovação do relatório de Marcos Rogério, Eduardo Cunha terá um prazo de cinco dias úteis, a partir da publicação no Diário Oficial, para que sua defesa recorra à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que poderá opinar apenas sobre aspectos formais do relatório, mas não sobre o mérito.
Em seguida, o processo segue para o plenário da Câmara. Para que Eduardo Cunha seja cassado em definitivo é preciso que dos 513 deputados, 257 parlamentares votem à favor.
Nesta terça-feira (14), o Banco Central enviou para o Conselho de Ética, mas não foi incluído no processo, documento onde diz multar Eduardo Cunha e sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz em mais de R$ 1,13 milhão por não tem declarado os recursos no exterior à Receita Federal.
Na segunda-feira (13), procuradores da República no Paraná pediram à Justiça Federal a abertura de uma ação civil pública contra Eduardo Cunha. Eles afirmam que o parlamentar é beneficiário direto do suposto esquema de corrupção na Petrobras, por isso, pedem a cassação dos direitos políticos de Cunha por dez anos, além do pagamento de multa superior a R$ 100 milhões. Eduardo Cunha afirmou que vai recorrer da ação.
A força-tarefa dos procuradores da Operação Lava Jato também entrou com uma ação de improbidade administrativa contra Eduardo Cunha e a mulher dele, Cláudia Cruz, o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Jorge Zelada e outros dois investigados. Na ação, os procuradores pedem a suspensão dos direitos políticos de Cunha por 10 anos e que devolva R$ 20 milhões, valor que teria sido movimentado em contas não declaradas no exterior.