O documento aborda a dramática questão dos milhões de pessoas que não podem viver em seus locais de origem e apelam para que mais países as acolham.
Segundo o relatório, mais de 1 milhão de refugiados foram encaminhados pelo ACNUR para mais de 30 países de reassentamento na última década, porém o número de pessoas que necessitam ser reassentadas ultrapassa, e muito, as oportunidades existentes.
O documento também afirma que, “apesar do aumento das cotas de reassentamento em alguns países, a expansão da capacidade global de reassentamento, aliada aos aumentos de pedidos, projeta uma estimativa que ultrapassa 1,19 milhão de pessoas com essa necessidade em 2017”.
O porta-voz para o Brasil do ACNUR afirma que o número de refugiados não para de crescer. Falando à Sputnik Brasil, o jornalista Luiz Fernando Godinho comenta:
“Temos um número imenso de pessoas que não conseguem mais ficar onde se encontram. São refugiados que não podem continuar nos locais em que estão, seja por motivos de segurança ou mesmo de adaptação. Por isso, o papel do ACNUR tem sido o de contatar e mobilizar países terceiros para receber estes refugiados. Esta tem sido uma grande preocupação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, e por isso estamos trabalhando com vários países como potenciais acolhedores, com o objetivo de ampliar a resposta ao atendimento à necessidade de receber os refugiados.”
O relatório do ACNUR afirma ainda que 2015 foi um ano recorde de aceitações nos países terceiros, contabilizando 134.044 pessoas, um aumento de 29% comparado aos 103.890 registrados em 2014.
Nas palavras do Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, "estamos vendo o reassentamento sendo levado a um novo nível, o que pode ser um meio eficaz de partilhar a responsabilidade pela proteção dos refugiados. Mas muito mais precisa ser feito para manter o ritmo, com o crescente número de situações vulneráveis críticas".
O relatório informa ainda que “os Estados Unidos, em 2015, aceitaram 82.491 solicitações de reassentamento do ACNUR – equivalente a 62% de todas as submissões –, seguido por Canadá (22.886), Austrália (9.321), Noruega (3.806) e Reino Unido (3.622)”.
Numa avaliação do que tem representado a política de reassentamentos, o ACNUR destaca:
“A crise síria marcou uma grande mudança no foco de reassentamento, que continua a ter efeitos. Em 2014, os sírios foram o maior grupo encaminhado para reassentamento, e em 2015, em média, 2 em cada 5 solicitações foram de sírios, em comparação com 1 em cada 5 em 2014. Outros países de origem que estiveram no topo em 2015 são: República Democrática do Congo (20.527), Iraque (11.161), Somália (10.193) e Mianmar (9.738). Esses quatro países, junto à Síria, com 53.305 pessoas, somam quase 80% dos pedidos deste ano.”