Ivan Tkachenko: A ideia de criar uma série de pequenos aparelhos espaciais AIST pertence aos estudantes. Eles lançaram esta iniciativa ainda em 2006, depois participaram de todas as etapas da sua realização prática – desde o desenvolvimento até à produção e exploração do satélite de nova geração.
S.: O êxito de satélites AIST foi o resultado da cooperação de três equipes – especialistas do centro espacial de foguetes Progress, professores e cientistas, bem como a comunidade de estudantes da Universidade de Samara. Era difícil desenvolver tal cooperação? Quem assumiu o papel de líder?
I.T.: Em 2006 na Universidade foi estabelecido o Centro Juvenil de Ciência e Inovações que coordenou o projeto AIST dentro da universidade. A mesma estrutura foi criada dentro do Progress. De parte de Progress o projeto foi coordenado pelo grupo juvenil chefiado por Sergei Safronov. Quando era estudante do quarto ano, Sergei defendeu a sua tese e foi trabalhar para a empresa. Posso dizer o mesmo sobre especialistas do Progress. Como regra, são os graduandos da Universidade de Samara. Assim, foi desenvolvida a cooperação de muitos anos de várias gerações: um recém-graduando começou a trabalhar na empresa continuado a trabalhar sobre o projeto, mas já sendo um engenheiro de produção e o seu colega inferior ainda estava na universidade. Esta cooperação, provavelmente, levou ao êxito. A participação mais ativa do projeto AIST pertence às equipes chefiadas pelos professores Salmin e Semkin. A contribuição do reitor Shakhmatov e presidente Soifer – representantes da direção da universidade que apoiaram a iniciativa dos estudantes – também é muito importante.
I.T.: Não digo que foi elaborado um sistema específico para preparar pessoal ou para escolher participantes do projeto. Foi um processo vivo. A idade, bem como a área de estudos, não importava. O nosso objetivo, como coordenadores do projeto foi assegurar o acesso de estudantes à produção, preparar todos os documentos necessários, realizar consultas se forem necessárias. Assim, se habitualmente o estudante inicia o conhecimento da produção no fim dos estudos, durante os estágios, no nosso caso o conhecimento iniciou-se desde o começo de estudos. E torna-se a parte do processo de ensino. Tudo isso corresponde à concepção geral de preparação de estudantes da nossa universidade expressa na fórmula "Educação através de pesquisa". É o princípio principal que segue a nossa universidade já por últimos dez anos.
S.: Como a participação de estudantes no processo de produção e mesmo o projeto influenciaram as aulas e contribuíram para resolver os objetivos educacionais da universidade?
I.T.: Somente com o uso de materiais telemétricos recebidos durante todos estes anos de aparelhos espaciais do tipo AIST foram elaborados alguns cursos práticos que são uma parte inalienável do processo de ensino de algumas disciplinas. O assunto de AIST foi tema de várias teses e trabalhos de estudantes. Os resultados das atividades espaciais tornam-se não somente parte do processo de ensino, mas também um patrimônio científico. O banco de cursos práticos, onde as informações de satélites AIST são usadas como materiais iniciais, permite aos novos estudantes que não tinham participado da pesquisa usar os resultados desta pesquisa.
Os temas principais ensinados aos estudantes nos últimos anos, na pós-graduação estão relacionados com as caraterísticas de durabilidade do aparelho espacial em várias etapas da sua exploração, parâmetros orbitais da movimentação de aparelhos espaciais, a sua orientação, análises de estado térmico do aparelho.
I.T.: Em um sentido, sim. Antes, tarefas como esta eram solucionadas com base em exemplos abstratos, inventados pelos professores. Já um jovem participante deste projeto "calcula" uma construção perfeitamente real, mede os parâmetros que descrevem o estado dos aparelhos em voo. Além disso, graças ao fato de a "resposta" do espaço estar chegando sem interrupção, surge a possibilidade de exercer influência operativa no funcionamento do satélite, programando os parâmetros do seu equipamento científico, implementando alterações nos parâmetros dos sistemas de navegação e gestão. Ou seja, manter um diálogo com o aparelho em regime de comunicação recíproca. É exatamente aquilo que os pesquisadores que utilizam os resultados da telemetria "alheia" não se podem permitir.
S.: O projeto AIST fez dez anos. É difícil já imaginar o ensino na universidade, o funcionamento de certos departamentos. Aliás, quem inventou o nome do satélite?
I.T.: AIST é uma sigla. Quer dizer, em russo, Instituto de Aviação. Eis a razão: até 1990, a Universidade de Samara se chamava Instituto de Aviação de Kuibyshev e a sua logo era uma cegonha ("aist", em russo), no fundo do sol nascente. Já a ideia do nome pertence a um dos professores da universidade, A.G. Prokhorov.
I.T.: Ao se tratar do "hardware", a contribuição da empresa e dos seus especialistas ultrapassa a contribuição da universidade. Quero transmitir gratidão especial ao dirigente da empresa Progress, Aleksandr Kirillin, graças ao qual a ideia se transformou em um aparelho espacial real. A contribuição da universidade contém uma parte de educação e uma de ciência, além da promoção do projeto. A contribuição dos estudantes está, principalmente, na iniciativa do projeto, na proposta dos primeiros esboços e na imagem externa do aparelho. Os alunos tomaram uma parte ativa na criação do equipamento científico que os AISTs usam. Junto com mestrandos e doutorandos, eles fizeram cálculos, agora eles asseguram o processo de recepção e tratamento das informações que os primeiros satélites enviam, porque a sua exploração foi completamente transferida para a universidade.
S.: E a última pergunta: o que, segundo o senhor, atrai os jovens no projeto?
I.T.: A participação de algo significante – do trabalho ou do projeto – eu acho que isso é muito importante, isso desempenha um papel importante na preparação de futuros engenheiros do ramo espacial e de foguetes.