O Supremo Tribunal Federal acolheu pela segunda vez denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado da Presidência da Câmara e com o mandato parlamentar suspenso por decisão do próprio STF.
Com a denúncia recebida por unanimidade pelos 11 ministros do STF, Eduardo Cunha tornou-se réu em ações de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e falsidade ideológica. O Procurador Rodrigo Janot tem acusado o parlamentar de ter desviado para contas bancárias na Suíça o equivalente a R$ 5,2 milhões, dinheiro que teria sido obtido de forma ilegal.
Para o Deputado Júlio Delgado (PSB-MG), a decisão do STF não constitui surpresa. “Para mim, o fato de maior destaque nesta decisão do Supremo Tribunal Federal não foi o acolhimento das denúncias apresentadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas sim o aspecto de a decisão ter sido tomada por unanimidade. Isto significa que os ministros do STF têm uma visão consolidada sobre os fatos criminais atribuídos a Eduardo Cunha.”
Falando com exclusividade à Sputnik Brasil, Júlio Delgado destaca que “a decisão unânime dos ministros do STF reflete a do Juiz Federal Sérgio Moro, que recebeu a denúncia contra a mulher de Cunha, a jornalista Cláudia Cruz”.
“Esta decisão não me surpreendeu, e é perfeitamente coerente. Foi a comprovação da procedência de toda a nossa argumentação contra Eduardo Cunha, apresentada no Conselho de Ética da Câmara. Foi a comprovação também de tudo quanto o Banco Central e a Secretaria da Receita Federal haviam levantado contra Cunha.”
Sobre as recentes especulações feitas na mídia a respeito de supostas declarações do Deputado Eduardo Cunha de que, se ele caísse (por meio de cassação de seu mandato parlamentar ou por mandado de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal), levaria junto cerca de 150 parlamentares, o Deputado Júlio Delgado diz serem especulações comuns na Câmara dos Deputados.
“Na terça-feira [21], quando ele convocou a imprensa para uma entrevista coletiva num hotel de Brasília, acreditava-se que ele iria falar em renúncia ou em delação premiada. Mas não fez uma coisa nem outra, preferindo dizer que não tinha o que delatar nem tampouco motivo para renunciar. Seria até bom que ele fizesse uma delação, porque seria uma ótima oportunidade para nós, deputados, passarmos a limpo tudo que acontece na Câmara sem que o público tome conhecimento. Repito: seria ótimo se o Eduardo Cunha delatasse tudo o que sabe de irregular em relação aos parlamentares. Seria a nossa oportunidade de apurar responsabilidades, punir os responsáveis por irregularidades e, assim, elevar a autoestima do parlamentar brasileiro.”