A base de comunicações de inteligência seria, supostamente, parte de um acordo de fornecimento de armas, assinado em 2015, pelo qual Moscou entregaria 50 tanques T-72 a Manágua, escreveu o analista militar Bill Gertz para o Washington Free Beacon, citando autoridades anônimas. Ele acrescentou que o Pentágono está preocupado com estes desenvolvimentos.
O GLONASS é a versão russa do GPS, um sistema global de navegação por satélite destinado a fixar a localização e velocidade de objetos na superfície terrestre, mar e ar com a precisão de um metro.
O Ministério das Relações Exteriores russo não emitiu uma declaração oficial sobre o assunto, mas um diplomata anônimo, segundo o jornal russo Vzglyad, rejeitou os relatórios como uma "fantasia", apontando para o fato de que a cooperação entre a Rússia e a Nicarágua é baseada em "acordos abertos e transparentes".
"Aparentemente, foi a informação de que a Rússia está determinada a construir um centro móvel topográfico digital na Nicarágua", que deu origem a estes relatórios, observou o jornal. "Vai ser equipado com sistemas de navegação por satélite e estações de GLONASS que permitirão ao Exército da Nicarágua armazenar, analisar e utilizar seus dados."
Boris Martynov, vice-diretor do Instituto de Estudos Latino-Americanos de Moscou, afirmou que no futuro serão feitas especulações semelhantes.
"Os Estados Unidos estão tentando aumentar sua influência na América Latina", disse ele. "Neste contexto [relatórios sobre uma base de espionagem inexistente] não são surpreendentes. Devemos esperar mais adivinhação."
Por sua parte, o analista de defesa Konstantin Sivkov, presidente da Academia de Problemas Geopolíticos, disse que a Rússia não precisa recolher informações numa região onde mantém laços de amizade. Ele também apontou que um único posto não pode ser usado para espionagem em grande escala.
"Os centros de vigilância têm uma grande infraestrutura, incluindo vários edifícios equipados com computadores e antenas", explicou.
As relações da Rússia com a Nicarágua têm florescido desde 2006, quando o presidente Daniel Ortega voltou ao poder. O presidente russo Vladimir Putin visitou este país latino-americano em 2014.