As declarações de Vágner Freitas causaram alguma estranheza entre os analistas políticos, porque até então o posicionamento da CUT era contrário a qualquer discussão de natureza política por envolver um Governo interino que a Central Única dos Trabalhadores não reconhece.
Sputnik Brasil, inclusive, tentou ouvir o presidente da CUT sobre essa questão, porém sua assessoria de imprensa informou que nem Vágner Freitas nem qualquer diretor da Central irá se manifestar publicamente a respeito do assunto até a reunião da Executiva Nacional da entidade, marcada para a terça-feira, 5 de julho.
No entanto, o Senador Paulo Rocha (PT-PA), líder do Partido dos Trabalhadores no Senado Federal, disse que o apoio da CUT é sempre bem-vindo à questão da antecipação da eleição presidencial, embora haja muitos outros aspectos a ser debatidos:
“Este movimento pela realização de uma eleição presidencial antecipada ou extraordinária surgiu da constatação de que esse período de transição rumo a uma ampla reforma política de que tanto necessita este país não poderia ser conduzido por um Governo interino, nascido de um golpe. Portanto, um grupo de senadores, após ouvir segmentos da sociedade e movimentos sociais, houve por bem apresentar a Proposta de Emenda Constitucional que permita antecipar a eleição presidencial. Hoje, já contamos com a adesão da Presidenta Dilma Rousseff a este movimento, que terá início formal com a consulta popular mediante plebiscito.”
O Senador Paulo Rocha explicita o que deve ser motivo de debate:
“Qual será a melhor oportunidade para esta eleição ser realizada? Este ano ainda ou em 2017? Quem vencer a eleição terá um mandato-tampão até 31 de dezembro de 2018 ou os prazos serão modificados? Esta eleição acabaria com o instituto da reeleição? E, se acabar, de quanto seria o mandato ideal da Presidência da República: 4, 5 ou 6 anos? É melhor um mandato de 6 anos sem reeleição, ou é melhor manter o mandato de 4 anos com a possibilidade de reeleição? Tudo isso precisa ser amplamente debatido pela sociedade e pelo Congresso Nacional.”
Para o Senador Paulo Rocha, é preciso também debater profundamente a reforma política:
“Temos hoje no Brasil mais de 30 partidos políticos. A questão é saber se estes partidos representam mesmo a sociedade e se estão a serviço do Brasil. E isto nós só saberemos através de consulta popular e de uma disseminada troca de opiniões com os mais diversos segmentos sociais.”
Finalmente, o Senador Paulo Rocha saúda a mudança de opinião do presidente da CUT, Vágner Freitas, que se pronunciou a favor da realização do plebiscito para decidir sobre a antecipação da eleição presidencial: “Sem dúvida, é uma atitude importante. A Central Única dos Trabalhadores é um movimento da maior relevância no país, que exerce forte influência junto à classe trabalhadora, de modo que os pontos de vista dos seus líderes têm de ser levados em conta. Mas vamos esperar pelo que a diretoria da CUT irá decidir na sua reunião de 5 de julho.”