A agência que representa a Demarest Advocacia, citada, afirma que “em nota emitida sobre a Operação [Boca Livre] é confirmada a não-participação da Demarest nas declarações em que foram colocadas”.
A trama se beneficiava da Lei Rouanet, que permite aos agentes culturais captar dinheiro de empresas privadas, de forma que com a mudança estas recebem incentivos fiscais e outros benefícios.
Entre os alvos da operação, estão o Ministério da Cultura, o escritório Demarest Advogados, as empresas Scania, Roldão, Intermédica Notre Dame, Laboratório Cristalia, KPMG, Lojas 100, Nycomed Produtos Farmacêuticos e Cecil.
Segundo as investigações, o grupo atuou por 20 anos no Ministério da Cultura e obteve dinheiro para serviços ou produtos fictícios, projetos duplicados e contrapartidas ilícitas.
Assim, por exemplo, conseguiram financiar projetos de teatro itinerante para crianças pobres ou doações de livros para bibliotecas, que nunca se materializaram.
Esse dinheiro, em troca, seria usado para contratar shows de grandes artistas em festas privadas dos investigados na trama.
Os presos responderão por crimes como organização criminosa, pilhagem, estelionato, crime contra a ordem tributária e falsidade ideológica, e poderão ser sujeitos a pena até 12 anos de prisão.
O inquérito policial foi instaurado em 2014. O nome da operação Boca Livre corresponde a uma expressão usada para festas onde se come e bebe gratuitamente.
Uma das críticas recorrentes é a de que os artistas estariam sendo complacentes com o Governo do Partido dos Trabalhadores (PT), graças aos benefícios que obtêm da Lei Rouanet.
Uma das primeiras decisões do novo Governo de Michel Temer foi suprimir o Ministério da Cultura, embora mais tarde deu marcha atrás, por causa da pressão de intelectuais e artistas e da mobilização nas ruas.