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Pepe Vargas: ‘Michel Temer se mostra refém de Eduardo Cunha’

ENTREVISTA COM PEPE VARGAS 2 DE 29-06-16
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O presidente interino Michel Temer recebeu no domingo, 26, em sua residência oficial no Palácio do Jaburu, o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A informação divulgada pela mídia não foi desmentida, e mereceu comentários da presidente afastada Dilma Rousseff.

Em sua página <dilma.com.br> a presidente postou: “O presidente interino e provisório não consegue governar sem conversar com um presidente que o Supremo Tribunal Federal já denunciou por unanimidade duas vezes e mantém o controle da Câmara dos Deputados.”

Sobre a reação de Dilma, Sputnik Brasil conversou com um dos parlamentares mais ligados à presidente, seu ex-ministro das Relações Institucionais, do Desenvolvimento Agrário e da Secretaria dos Direitos Humanos. Pepe Vargas (PT-RS) observou:

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“Uma coisa é o presidente da República, ainda que provisório e interino, receber em sua residência oficial o presidente da Câmara dos Deputados. Outra coisa completamente diferente é Michel Temer receber, em endereço do Governo, Eduardo Cunha, duas vezes réu em processos recebidos pelo Supremo Tribunal Federal, afastado da Presidência da Câmara, suspenso do exercício do mandato parlamentar e prestes a ter este mandato cassado por quebra de decoro parlamentar.”

O Deputado Pepe Vargas continuou argumentando:

“Ora, se Temer recebeu Cunha em tais condições, isto mostra o quanto Temer é dependente de Cunha e revela o quanto Temer se tornou refém de Cunha. É inquestionável o poder que Cunha ainda detém na Câmara, mesmo estando fisicamente afastado. E é inquestionável também o quanto ele influencia o Governo de Temer, indicando as lideranças do Governo no Parlamento, além de nomes que compõem o Ministério.”

Ainda segundo o petista gaúcho, “o diálogo entre Cunha e Temer aconteceu ao fim de uma semana em que houve pouca atividade parlamentar, o que deu a Cunha mais chances e oportunidades para retardar a decisão pela cassação do seu mandato. Então, é lamentável que políticos se reúnam e confirmem esta forte influência que Eduardo Cunha ainda exerce em Brasília junto a quem deve decidir os rumos da nação”.

De acordo com o Deputado Pepe Vargas, mesmo afastado da Presidência da Câmara, Eduardo Cunha exerce de fato nítida influência junto aos parlamentares:

“Isto é um total absurdo. Cunha está impedido de exercer o mandato e a Presidência da Câmara, mas nem assim ele deixa de mostrar o seu poder junto a vários parlamentares. É uma influência tão forte que, se o voto ainda fosse secreto no Conselho de Ética, ele passaria imune pela votação e estaria completamente preservado, a salvo da cassação. Mas, como nós do PT conseguimos quebrar a votação secreta e obrigar os deputados a declarar suas manifestações, os parlamentares ficam expostos à opinião pública e assim refletem bastante antes de declarar seu voto. Diante de uma votação aberta, que recomendou o prosseguimento do processo de cassação ao Plenário da Câmara, só restou a Cunha manobrar na Comissão de Constituição e Justiça, na qual o presidente é seu aliado e correligionário, para tentar escapar da cassação. Mas, apesar de toda sua força e influência, dificilmente Eduardo Cunha deixará de perder o mandato.”

Pepe Vargas comentou ainda o quanto Eduardo Cunha é forte junto ao chamado Centrão:

“Mesmo aparentemente enfraquecido, Eduardo Cunha tem ascendência sobre boa parte dos integrantes do Centrão, um grupo que reúne vários parlamentares investigados pela Operação Lava Jato. Então, como eles e Cunha estão praticamente na mesma situação, é lógico que Eduardo Cunha não perderá a oportunidade de mostrar quem de fato detém o poder na Câmara.”

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O chamado Centrão reúne parlamentares de 12 partidos (PP, PR, PSD, PTB, PROS, PSC, SD, PRB, PEN, PTN, PHS e PSL). Trata-se de um bloco criado logo após a ascensão de Michel Temer à Presidência da República, com o afastamento de Dilma Rousseff para, conforme determina a lei, responder ao processo de impeachment fora da chefia do Executivo. Calcula-se o efetivo do Centrão, somente com os integrantes desses partidos, em 225 parlamentares. Quando o bloco foi criado, havia uma expectativa de que o PMDB também aderisse, o que elevaria o contingente para 293 deputados, mais da metade da totalidade da Câmara, que é de 513 deputados.  

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