As medidas foram anunciadas pela Ministério do Desenvolvimento e vão beneficiar, principalmente, a indústria têxtil e o agronegócio. A intenção dos acordos — firmados pelo Brasil, em separado do Mercosul — é reduzir custos principalmente para pequenas e médias empresas que têm muitas dificuldades em fechar contratos devido à burocracia e às muitas exigências para entrar no mercado americano. A previsão é que até novembro esteja concluído o acordo sanitário. Outro grande avanço, na opinião de especialistas em comércio exterior, foi a eliminação de papel no comércio bilateral, substituído agora por um documento que valida todas as operações e que é chamado de fatura comercial.
Outra novidade nos acordos é a autorização para que novos laboratórios certificadores americanos se instalem no Brasil. Desde o final do ano passado, o laboratório UL já aumentou em 65% a certificação de produtos. O processo — que levava até um ano para ser concluído — é feito agora em 90 dias. A expectativa é que, com a chegada de novos laboratórios, haja redução de custos e intercâmbio de tecnologia. Desde o início dessas operações, 41 empresas brasileiras que não exportavam passaram a ter produtos certificados para o mercado americano.
O professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro (FGV-RJ) Istvan Kasznar comemora o anúncio dos acordos.
"Existem brigas, concorrências, competições naturais na economia globalizada e é necessário encontrar formas de reduzir custos e ser mais eficiente. Quando para o Brasil reduzem-se certos mecanismos associados à criação de portarias que podem inibir o comércio e a exportação, isso fica muito melhor. Temos produtos, bens de boa qualidade na indústria têxtil, e com isso vamos gerar mais empregos, riqueza para o Brasil e mais impostos."
Apesar de elogiar os novos acordos, Kasznar aponta riscos para o Mercosul não só em termos políticos, mas também econômicos para os seus membros plenos: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela.
"Temos a Venezuela como membro que quer participar do Mercosul, mas que apresenta uma economia demolida numa situação de angústia e de brutal recessão. Como nós no Brasil também vivemos uma recessão muito forte e temos um problema similar na Argentina, podemos constatar que cada um vai tentar garantir a si próprio. Isso não é bom."
Segundo o especialista, em comércio internacional e em blocos econômicos o ideal é criar escalas, fazer acordos entre si e acordos alfandegários que consigam reduzir taxas e tarifas para dar uma estrutura de custos mais enxuta e que com isso se promova a capacidade de exportação de mercadorias com preços menores.
"O Mercosul vai perdendo sua própria força na medida em que os acordos se tornam individuais, e aí ele perde também sua representatividade internacional, o que deixa de ser bom", diz Kasznar, para quem a nova política de exportação e de relacionamento multilateral que o ministro José Serra está propugnando é correta, muito necessária e conveniente e pode abrir janelas de exportação positivas para o Brasil."