Para André Mendes, da Fundação Getúlio Vargas, no Rio, especialista em questões de Segurança Pública, “para fazer frente a um evento deste porte, como são as Olimpíadas, é preciso que as autoridades atuem em convergência. E é isso que estamos observando por parte dos três níveis de Governo: federal, estadual e municipal. Vejo com muito bons olhos o deslocamento da Força Nacional para o Rio de Janeiro, mas a eficiência de suas ações vai depender da forma de integração com outros órgãos que também atuam na Segurança Pública, no caso, órgãos estaduais e Forças Armadas. Tudo isso com a preocupação voltada para proporcionar à população a mais absoluta sensação de segurança”.
Quanto às críticas que o Prefeito do Rio, Eduardo Paes, vem fazendo à segurança da cidade, André Mendes observa:
“Não é de hoje que o Rio de Janeiro enfrenta problemas de segurança. Portanto, o problema é antigo e não apareceu em função das Olimpíadas. O importante para a população é que as autoridades atuem de forma integrada, para que, pelo menos, possam diminuir as preocupações com a violência.”
Também especialista em Segurança Pública, o professor da Faculdade Cândido Mendes, Paulo Storani, ex-instrutor do BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro), o fato de a segurança das Olimpíadas exigir um efetivo de proteção superior ao dos Jogos Olímpicos de Londres revela que algo de muito sério deixou de ser feito:
“Tudo aquilo que deveria ter sido planejado com grande antecedência para as Olimpíadas do Rio, em termos de segurança pública, simplesmente não aconteceu. Diante de todas as providências que não foram tomadas, o que restou fazer foi demarcar território, mobilizando grandes efetivos da Força Nacional e de militares. Estes efetivos vão cuidar da segurança nas instalações esportivas e nas áreas de grande movimentação na cidade, enquanto que à Polícia Militar competirá patrulhar as áreas de acesso e as proximidades destas instalações. Então, dentro da precariedade com que foi tratada a questão da segurança pública para as Olimpíadas, neste longo período de antecedência, o resultado a que se chegou – emprego de forças estaduais e federais – deverá proporcionar alguma tranquilidade à população.”
Paulo Storani alerta para a necessidade de as autoridades se manterem absolutamente atentas à possibilidade, ainda que remota, de ocorrerem atos terroristas na cidade neste período:
“Espero que tais atos não aconteçam, mas se, por infelicidade, acontecerem, a segurança da população estará na capacidade dos agentes públicos em proporcionar pronta resposta aos planejadores e executores desses atos. Em outras palavras: como irão agir as autoridades se, por acaso, tais atos forem consumados. Então, é necessário saber quais esquemas de Defesa Civil foram montados, como se darão a remoção e o atendimento à possíveis vítimas, para quais unidades serão levadas, e como se dará a repressão aos responsáveis pelos atos criminosos. Isto é o que chamamos de resposta. Mas esperemos que atos terroristas não ocorram, e que as Olimpíadas e Paralimpíadas do Rio de Janeiro transcorram na maior paz. E vamos esperar também pela confirmação da crença dos organizadores dos Jogos, de que Deus é brasileiro e que, portanto, nada de mau acontecerá.”