Mostra ‘O Faroeste Vermelho’ traz bangue-bangues soviéticos ao Rio

ENTREVISTA COM SERGUEI E CONVIDADOS 2 DE 06-07-16
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De 7 a 17 de julho, a Caixa Cultural do Rio apresenta a mostra 'O Faroeste Vermelho', com filmes de western produzidos na União Soviética, na Ásia Central e na Alemanha Oriental ao longo do século XX.

O festival reúne 17 filmes raros, desconhecidos do público brasileiros, que dão uma dimensão diferenciada da chamada cortina de ferro, a divisão da Europa em Oriental e Ocidental, pós Segunda Guerra Mundial, na Guerra Fria.

Os curadores da mostra, Thiago Brito e Pedro Henrique Ferreira, da Dilúvio Produções, conversaram com a Sputnik Brasil e destacaram os principais aspectos da seleção de filmes da mostra. 

“Primeiramente, eu acho que é um tema que a gente não tem tanta familiaridade. A maior parte dos filmes se passa entre 1917 e 1920, no período da Guerra Civil da Rússia, período que a gente conhece pouco. Mas, para além do aspecto histórico, a gente conhece muitos faroestes americanos, a gente associa diretamente o faroeste à ideia dos Estados Unidos, e isto foi uma forma de promoção da cultura norte-americana no mundo. Desconhecemos empreitadas que tiveram características semelhantes em outros países”, observa Pedro Henrique Ferreira. 

Ao comentar o impacto do cinema Western norte-americano na sociedade soviética, o curador destacou a apropriação do gênero pelas autoridades soviéticas, o que fez com que se desenvolvesse a produção de filmes de faroeste com temática soviética.

“Entre as décadas 40 e 80 tiveram cinco filmes americanos que chegaram à União Soviética. Um deles que foi muito marcante foi o ‘Sete Homens e um Destino”, do John Sturges, que fez um sucesso estrondoso na União Soviética, sendo exibido em estádios de futebol, conseguindo mais de 50 milhões de espectadores na União Soviética. Quando este filme estreia, o próprio governo resolve incentivar os faroestes. Em primeiro lugar, eles estavam assustados com o efeito que o filme teve na sociedade, os jovens começaram a se vestir que nem cowboys, etc. Em segundo lugar, eles resolveram usar isso e pensaram: ‘então vamos fazer o faroeste ideologicamente correto, ‘de acordo com a nossa ideologia’, daí eles de fato incentivaram o gênero”, comenta Pedro Ferreira. 

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Já Thiago Brito destacou a diversidade da seleção de filmes da mostra, que contêm obras de diferentes períodos, países e artistas. 

“Uma coisa interessante que o público brasileiro vai poder ver é a diversidade dos filmes, por que a lógica do Faroeste foi captada dentro da União Soviética e produziu filmes de natureza bem diversa. Em boa parte, estes filmes versam sobre a formação do que seria a União Soviética. A gente buscou no nosso limitado tempo de dez dias mostrar o ‘colorido’ de toda a trajetória do gênero”, disse Thiago Brito.

O festival 'O Faroeste Vermelho' conta ainda com debates sobre as transformações do gênero western com o chefe de preservação da Cinemateca do Museu de Arte Moderna, Hernani Heffner, e Juliano Gomes, crítico e professor, no dia 12 de julho, às 19h. No dia 16 de julho, será a vez da participação do historiador Daniel Aarão Reis Filho, que vai falar sobre a  revolução e cultura popular na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

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