A operação batizada de "Caça-Fantasmas", é um desdobramento da 22ª fase da Lava Jato, denominada de Triplo X, que investiga sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro e organização criminosa transnacional. Edson Passos Fanton, é representante do FPB Bank, banco panamenho que atuava no Brasil, clandestinamente, sem autorização do Banco Central.
De acordo com a Procuradora da República da força-tarefa da Lava Jato, Jerusa Viecili, o FPB Bank abria contas no Brasil para viabilizar o fluxo de valores ilícito para o exterior. O Banco vendia ainda empresas offshore registradas pela Mossak Fonseca, para ocultar a titularidade dos donos. A Mossak Fonseca era um escritório de advocacia e consultoria panamenho que já foi alvo da Lava Jato, por suspeita de participar de esquema de corrupção na Petrobras.
"O que nós víamos nas outras fases era que o dinheiro desviado pelos atos de corrupção, ele era ocultado mediante a intermediação de operadores financeiros, normalmente pessoas físicas. Agora, o que se tem é uma instituição financeira atuando clandestinamente no território nacional, que é utilizada para realizar essa ocultação, essa dissimulação e tornar invisíveis os titulares dos recursos públicos."
Edson Passos Fanton foi levado para prestar depoimento em Santos. Segundo o delegado da Polícia Federal, Rodrigo Sanfurgo, os próximos passos da investigação será tentar identificar quem são os clientes da instituição financeira e quais eram os motivos de usar seus serviços. O banco funcionava no Brasil como uma espécie de Agência de Private Back, um serviço personalizado para clientes com alto poder financeiro.
"O perfil do cliente, é um cliente que obviamente quer esconder a origem do seu dinheiro, porque senão, eles não procuravam uma instituição ilegal. Quem quer investir, movimentar ou ter uma conta lá fora procura uma instituição com autorização, ninguém vai entregar o dinheiro para quem não conhece. E todos que procuravam, certamente sabiam dessa situação."
De acordo com a Polícia Federal, a Mossack Fonseca abriu offshores para esconder apartamentos luxosos localizados no Guarujá, litoral de São Paulo, que pertenciam a Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) e que, em 2009, foram assumidos pela OAS. Inicialmente, a suspeita era de que os imóveis eram usados para repasse de propina. Uma das unidades está em nome da empresa Murray, uma offshore aberta pela Mossack.