Claudinho, como é conhecido, tem uma rara doença chamada Artrogripose Múltipla Congênita (AMC), que fez com que nascesse com a cabeça para trás, atrofia nas pernas e os braços colados no peitoral. Os médicos chegaram a dizer a seus pais que ele teria apenas 24 horas de vida, mas este diagnóstico há muito tempo ficou para trás.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Cláudio contou que começou a superar seus limites por volta dos sete anos, quando deixou de se locomover se arrastando e começou a andar de joelhos. A partir daí pediu à mãe para aprender a ler e a escrever.
"Com o passar do tempo, eu comecei a ganhar equilíbrio andando de joelhos, e de lá para cá só vitórias. Comecei logo cedo a ir à escola. Pedi a minha mãe para me levar à escola, mas, devido à falta de adaptação, eu comecei a estudar em uma escola particular, e com o passar do tempo, aí sim, fui para uma escola normal, onde comecei a conhecer as primeiras letras do alfabeto. Em seguida, comecei a ler meu nome. Comecei a colocar o lápis na minha boca e a rabiscar como qualquer criança. Então, outra vitória também foi aprender a escrever mesmo de verdade e ter uma locomoção local. E de lá pra cá não parei mais."
Mesmo com dificuldades, Claudinho seguiu com os estudos e surpreendendo sua família com sua dedicação em superar seus limites.
Tanto no ensino médio, quanto para cursar o magistério, ele contava com a ajuda de amigos para carregá-lo nos braços. Em seguida veio o desafio de cursar a faculdade de contabilidade, quando teve que se mudar para a cidade de Feira de Santana, a 258 quilômetros de sua cidade natal, Monte Santo.
"Eu encontrei muita gente boa naquela cidade. Naquele momento eu tive várias oportunidades, entre elas, a de fazer o curso superior. Eu fiz faculdade de Ciências Contábeis. Sem contar que fiz cursos normais, como técnico de informática, línguas estrangeiras. Tive várias oportunidades, que aproveitei, e hoje sou contador e ganhei também um cargo, agora, como secretário do Sindicato dos Contabilistas do Estado da Bahia."
Mesmo com as dificuldades ao longo do seu desenvolvimento físico e intelectual, Cláudio Vieira de Oliveira ressaltou que sempre foi tratado como uma pessoa normal por seus familiares, e que o apoio dos pais, irmãos e amigos fez toda a diferença em sua trajetória.
"Se não tiver nenhuma facilidade familiar, então, nada vai fluir. Com certeza esse é um dos pilares mais importantes na nossa vida. Só temos essa superação se tivermos uma boa resposta familiar."
A vontade de incentivar outras pessoas com sua história de superação aos poucos foi ganhando força. Cláudio primeiramente lançou um DVD com sua história, no qual executou toda a parte gráfica. A partir daí começou a dar palestras no Brasil e também no exterior. Em 2000, o escritor foi ao encontro do Papa João Paulo II, na Itália, e fez palestras na Europa. Até agora, só recusou palestrar no Iraque, por achar perigoso, mas mesmo assim já está pensando em superar mais esse obstáculo.
A história de Claudinho chegou até a Editora Bella, que fez o convite para que ele realizasse o grande sonho de lançar um livro autobiográfico e assim ajudar mais pessoas.
Segundo o escritor, o livro conta sua história desde o dia em que nasceu até os dias atuais, e tem o objetivo de ajudar as pessoas a superar qualquer problema.
"É uma história que ajuda muita gente a superar. Eu já ouvi muitos relatos de pessoas que estavam revoltadas com a vida e através da minha história as suas vidas mudaram. É uma história que mudou a vida de muita gente."
Cláudio contou à Sputnik que no ano passado pesquisadores da Universidade de Harvard (EUA) e de Brunel, em Londres, e também médicos de Filadélfia foram até a sua cidade para examiná-lo, e propuseram cirurgias experimentais para tentar corrigir seu pescoço, mas os riscos de danos maiores, como uma paralisia do corpo, fizeram o escritor recusar, para garantir que ele possa reproduzir sua história de superação pelo mundo.
"Eu não tenho muito aquela vontade de fazer essas pesquisas, porque eles querem fazer cirurgias ou modificar alguma coisa, e eu não quero isso, porque eu tenho 40 anos. Então, se eu já vim para o mundo predestinado, não adianta desmanchar o que a natureza trouxe. Talvez se eu fizesse algo fosse pior para mim. A ciência é falha. Então, eu não confio muito. Sou feliz, sou realizado. Tenho o mundo inteiro para conquistar ainda. Pra que eu quero mais?"