O último preso político: 'Para que ninguém se atreva a lutar pela independência'

© AP Photo / Ricardo ArduengoUm policial do batalhão de choque norte-americano salta de carro na frente do centro de detenção de Guaynabo de Porto Rico para acompanhar protesto contra a prisão de Óscar López Rivera
Um policial do batalhão de choque norte-americano salta de carro na frente do centro de detenção de Guaynabo de Porto Rico para acompanhar protesto contra a prisão de Óscar López Rivera - Sputnik Brasil
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Para a advogada Jan Susler, a prisão do portorriquense Óscar López Rivera é um caso usado pelos EUA "para que ninguém se atreva a lutar pela independência".

López Rivera fez recentemente 35 anos na cadeia estadunidense. Os últimos anos foram passados na prisão federal de Terre Haute, Indiana.

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Em 1981, ele, soldado condecorado pelo Congresso dos Estados Unidos pelo desempenho na guerra do Vietnã, foi condenado a 55 anos de prisão. Ao tentar fugir da cadeia, em 1988, ele pegou outros 15. O delito dele, conspiração sediciosa, uso da força para cometer roubo, transporte interestadual de armas de fogo e conspiração para destruir propriedades governamentais, nunca foi provado.

Hoje em dia, López Rivera, de 73 anos, é considerado como um herói de Porto Rico — e é o preso político porto-riquenho com a sentença mais longa.

Em comentário exclusivo à Sputnik, Jan Susler, advogada de López Rivera, a permanência na prisão do seu protegido "tem muito a ver com o estatuto colonial de Porto Rico"

"Óscar teve um castigo desproporcionado pela sua luta colonial mais do que algum outro preso na história do Porto Rico. Os seus coacusados saíram depois de 16 e 20 anos de cadeia, o que também era desproporcional", frisa Susler, acrescentando que "nos Estados Unidos, as sentenças desproporcionadas são inconstitucionais".

Contudo, apesar das palavras sobre a "desproporção" da prisão dos porto-riquenhos do ex-presidente norte-americano Bill Clinton, as autoridades dos EUA nunca usaram o instrumento de indulto.

"A sua prisão é uma questão política. É uma forma de fazer dele um exemplo. Isso é o que vai passar se alguém se atrever a lutar pela independência. Ao mesmo tempo, os EUA dizem que não existe tal coisa como presos políticos [no país]", disse Susler, comentando as razões da prisão prolongada de López Rivera.

© AP Photo / Ricardo ArduengoEsta foto de 29 de maio de 2016 mostra o jogador de beisebol porto-riquenho Carlos Delgado dentro de um modelo de célula de prisão durante uma ação de protesto contra a prisão de Óscar López Rivera
Esta foto de 29 de maio de 2016 mostra o jogador de beisebol porto-riquenho Carlos Delgado dentro de um modelo de célula de prisão durante uma ação de protesto contra a prisão de Óscar López Rivera - Sputnik Brasil
Esta foto de 29 de maio de 2016 mostra o jogador de beisebol porto-riquenho Carlos Delgado dentro de um modelo de célula de prisão durante uma ação de protesto contra a prisão de Óscar López Rivera

A advogada insiste que o seu país usa padrões duplos ao manter um preso político doméstico e criticar, ao mesmo tempo, a existência de presos políticos em outros países.

"Falando nos Estados Unidos, não. Falando em Venezuela, sim. Falando em África do Sul de antes, sim. Mas falando em Estados Unidos, não", ironizou.

Para ela, se trata de um assunto de descolonização. Porto Rico é oficialmente Estado Livre Associado de Porto Rico, ou seja, um território sem personalidade jurídica que faz parte dos EUA. Em 2012, houve uma tentativa de reconhecer o direito à independência e autodeterminação de Porto Rico no Comitê de Descolonização da ONU. Mas os EUA ignoraram aquela ação. Durante os últimos anos, houve até uma tentativa de organizar um referendo sobre a autodeterminação de Porto Rico, mas a proposta correspondente não avançou.

© AP Photo / Susan WalshEm 30 de junho de 2016, Barack Obama assinou um instrumento que aliviou a situação financeira de Porto Rico
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Porto Rico, foi primeiramente colonizado por João Ponce de Leão em 1508 e foi conquistado pelos EUA durante a guerra com Espanha em 25 de julho de 1898.

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