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Cariocas temem mais violência diária do que ataque terrorista durante a Rio 2016

REPORTAGEM CARIOCA JOGOS OLIMPICOS 2 DE 22 07 16
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Qual o maior risco que cariocas e turistas podem enfrentar durante os Jogos Olímpicos? A Rádio Sputnik foi às ruas do Centro do Rio, nesta sexta-feira (22) para ouvir as opiniões dos cariocas. E a resposta não chegou a ser surpreendente: a maioria dos entrevistados teme mais a violência diária da cidade do que a ameaça de um ataque terrorista.

Embora algumas das pessoas ouvidas admitam que há, sim, o risco de algum atentado durante a realização dos jogos, a unanimidade das respostas é que os constantes tiroteios, não só nas linhas expressas, como em todos os bairros da cidade, a qualquer hora do dia, representam uma ameaça maior. Para os entrevistados, a sensação de maior segurança — com a presença de milhares de homens da Força Nacional e das Forças Armadas, reforçando o policiamento na cidade — vai desaparecer logo após o término dos jogos.

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A maioria das pessoas ouvidas pela Sputnik também ignora a data de início dos jogos (5 de agosto), a existência de uma Paraolimpíada na sequência, bem como os planos de segurança que estão sendo anunciados para o evento. Outro ponto comum na opinião dos entrevistados é que o brasileiro, e em especial o carioca, não está preparado para identificar uma ameaça terrorista, bem como pessoas que possam cometer tais atos. Para muitos, o jeito irreverente do carioca, levando tudo na brincadeira, pode ser um dos maiores obstáculos ao cumprimento das normas de segurança que as autoridades planejam para a Rio 2016.

Ouça, a seguir, o depoimento de alguns desses cariocas, gente simples do dia a dia, grande parte moradora do subúrbio e das zonas mais carentes da cidade. Da analista de marketing, ao segurança da loja de câmbio, passando pelo técnico de informática e o camelô, todos revelam, com seu jeito simples de encarar a realidade, o que esperam da primeira Olimpíada do Brasil e da América Latina e quais são seus maiores medos.

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Iuri, camelô, morador em Vilar dos Teles, é um dos que não conhece as medidas de segurança que as autoridades estão anunciando para os Jogos Olímpicos, sabe da prisão de dez suspeitos em vários estados, ocorrida na última quinta-feira, e atribui os constantes tiroteios que acontecem na cidade a algum esquema de proteção, mas sabe que os jogos começam em agosto. Ele considera que as trocas de tiros entre policiais e bandidos é mais preocupante.

"Tem tiroteio direto. Estão matando inocentes."

Cristiane, moradora de Guadalupe e vendedora de doces no Centro, diz estar a par das notícias de reforço de segurança, mas afirma que isso não representa muita coisa.

"A segurança do nosso Brasil é muito falha. No bairro em que moro estamos vivendo uma guerra urbana. Os altos índices de criminalidade e a ameaça terrorista são tão perigosos um quanto o outro. Com a guerra urbana, o carioca já está acostumado a conviver, mas com o terrorismo a nossa população não está adaptada. Você até pode ver um terrorista ali, mas não vai saber se ele está com uma bomba. O carioca não tem essa maldade, essa malícia para isso. Outros povos têm porque já sofreram atentados."

Segurança há muitos anos de uma casa de câmbio no Centro, Laércio, morador da Pavuna, é outro carioca cético com relação a dias tranquilos durante os jogos. Segundo ele, a população não está preparada para esse tipo de serviço.

"Para que tivéssemos uma boa Olimpíada, a população tinha que ajudar. Essa nossa situação de crimes, tiroteio, falta de respeito com a população é que me preocupa mais. O terrorista pode até vir aqui, tentar alguma coisa, mas não vai conseguir nada. A população que vive aqui é que me dá mais preocupação."

Bruno Conde, técnico de informática, morador no Tanque, em Jacarepaguá, trabalha no Centro diz que não está a par dos planos para a Olimpíada, mas admite que há mais segurança no Centro, embora ainda continuem os assaltos, com a prisão de muitos pivetes. Com relação aos tiroteios, ele diz  que a situação piorou muito por ocasião dos preparativos para a Olimpíada. 

Marco Antônio, morador de Santa Curz, na Zona Oeste, diz que só sabe dos planos de segurança pelo que tem lido nos jornais, mas torce para que tudo corra bem. Ainda assim, ele se mostra apreensivo.

"A violência no Rio de Janeiro é muito grande. Essa sensação maior de segurança (com a presença da Força Nacional e das Forças Armadas) só vai durar até o fim dos jogos. Acabaram os jogos, acabou a segurança. Ir para casa e voltar de casa todo dia é mais perigoso (que a possibilidade de um ataque terrorista)."

Para a analista de marketing Diana de Paula, moradora em Laranjeiras, o risco de um ataque terrorista no Rio era só o que faltava para a via crucis diária do carioca. Diana é uma das poucas que teme mais a possibilidade de ataque de extremistas, e justifica:

"O clima já está ruim há bastante tempo, e o carioca já está até acostumado com notícias negativas. Só falta agora para o carioca ter um atentado, uma coisa impensável para o brasileiro e que agora é uma possibilidade para piorar a situação" – diz Diana, para quem a irreverência do carioca pode atrapalhar os planos de segurança, porque o carioca leva tudo na brincadeira.

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Na quinta-feira, uma grande operação da Polícia Federal deflagrada em dez estados prendeu dez pessoas suspeitas de planejarem ataques durante a Rio 2016. Os suspeitos, detidos durante a Operação Hashtag, fariam parte de um grupo chamado Defensores da Sharia, ligados a extremistas islâmicos, e planejavam comprar fuzis AK-47 e granadas no Paraguai para desferir os ataques na cidade. As investigações começaram em abril, após o FBI, a Polícia Federal americana, ter enviado um dossiê às autoridades brasileiras com alguns desses nomes. A partir de então o grupo passou a ter ligações telefônicas e por internet rastreadas pelas equipes de inteligência. Levado para Brasília, o grupo foi transferido para um presídio federal de segurança máxima em Campo Grande (MS) onde ficarão detidos por 30 dias, com possibilidade de renovação por mais 30 dias. Segundo a legislação brasileira, caso sejam acusados, poderão cumprir pena de 12 a 30 anos de prisão.

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