Cristina Kirchner: América Latina está recuando politicamente

© Foto / Estanislao Santos/Instituto PATRIAA ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner
A ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner - Sputnik Brasil
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Kirchner, que deixou o poder em dezembro de 2015, se reuniu pela primeira vez depois disso com os jornalistas em sua casa na cidade de El Calafate, no sul da Argentina, recebendo os representantes de mídia estrangeira, incluindo emissoras de Telesur e Al-Jazeera, RIA Novosti, Reuters e NODAL, bem como a edição La Jornada.

A ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, acredita que todas as acusações contra ela são desprovidas de fundamento, mas diz que não tem medo da prisão.

"Se você olhar para os jornais ao longo dos últimos três ou quatro anos, verá que eles disseram abertamente que quando eu deixasse o poder, eu teria problemas graves com os tribunais. Será que os jornalistas são clarividentes, ou eram precisamente eles quem tem estado envolvido nesta operação midiático-judicial", disse ela.

© Foto / Estanislao Santos/Instituto PATRIAA ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, com os jornalistas em sua casa na cidade de El Calafate, no sul da Argentina
A ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, com os jornalistas em sua casa na cidade de El Calafate, no sul da Argentina - Sputnik Brasil
A ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, com os jornalistas em sua casa na cidade de El Calafate, no sul da Argentina

Também durante seu discurso, a ex-presidenta da Argentina Cristina Kirchner apelou ao estudo aprofundado e autêntico da história, observando que as potências mundiais, especialmente os Estados Unidos, interpretam "de sua própria maneira" os fatos históricos e introduzem-nos na consciência de massas.

"A indústria cinematográfica americana é uma máquina para produção e transmissão da cultura e da história contada, é claro, por Hollywood. Quando assiste a um filme sobre a Segunda Guerra Mundial, parece que foram apenas os ianques que obtiveram a vitória", disse ela.

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Falando sobre a ameaça do terrorismo, Kirchner disse que a comunidade internacional deve elaborar o mais rapidamente possível uma nova estratégia de combate, porque os métodos antigos já não fazem efeito.

"Vivemos num mundo muito complexo, num mundo onde não existe uma estratégia clara para combater o terrorismo. Isso impõe a responsabilidade às potências mundiais", disse Kirchner.

"Eu acho que agora se observa uma falta de liderança na questão do desenvolvimento de uma estratégia diferente para essa luta. Se, no entanto, os velhos métodos continuarem sendo usados — a conquista de países e bombardeio — o mundo ficará pior e pior", disse ela.

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A ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, em sua casa na cidade de El Calafate, no sul da Argentina - Sputnik Brasil
A ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, em sua casa na cidade de El Calafate, no sul da Argentina

A ex-presidenta argentina Cristina Kirchner destacou que a Argentina, e a América Latina no seu todo, tem passado nos últimos meses por um recuo político que é acompanhado do crescente interesse dos EUA pela região.

"Eu acho que há um retrocesso no que se refere aos governos nacionais e populares da região, há um avanço do que podemos chamar de 'direita conservadora', 'restauradora'", afirmou a ex-presidenta, acrescentando que já foi abandonada a ideia de unidade regional que prevaleceu tanto no espírito do Mercosul, como da Unasul e da CELAC.

De acordo com ela, desde 2001, depois do ataque de 11 de setembro, os EUA deixaram de intervir na região porque apareceram outras prioridades.

"Essas prioridades se mantêm até hoje, mas os EUA começam novamente a olhar para a região, que sempre foi considerada quase como seu próprio reservatório de alimentos, energia, águas subterrâneas e minerais", disse Kirchner.

Além disso, Cristina Kirchner notou que o recuo na Argentina apenas é visível analisando dados estatísticos:

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"Em 10 de dezembro do ano passado, a Argentina já atingiu o menor nível de endividamento externo em moeda estrangeira em sua história. Nunca tivemos esse nível de redução da dívida".
O engraçado, segundo ela, é que "o governo conseguiu esta redução da dívida depois de receber o país com a maior dívida soberana do mundo, desemprego de dois dígitos, altos níveis de desemprego e de pobreza".

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