Especialistas apontam para o uso de glifosato (um herbicida sistêmico que mata qualquer tipo de planta e que foi criado para matar ervas daninhas principalmente perenes).
"Em todos os lugares onde se semeia soja de forma intensiva se fumiga da mesma forma com glifosato, os estudos geram resultados alarmantes. Isso se repete no Uruguai, Paraguai, Brasil e grandes extensões da Argentina. Em toda esta região se aplica o glifosato, um herbicida associado ao cultivo da soja transgênica", disse no programa de rádio GPS Internacional Calor Vicente, um farmacêutico argentino e coordenador de GRAIN, uma organização internacional que trabalha para alcançar sistemas alimentares baseados na biodiversidade.
Há um ano e meio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o glifosato, como uma substância "provavelmente cancerígena", disse o farmacêutico e assegurou que "isso apoia as evidências de câncer em Monte Maíz, onde há quase um triplo de casos sobre a média nacional argentina".
A Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de Rosário, onde para receber os médicos devem realizar uma avaliação de saúde em cidades de menos de 10 mil habitantes, "obtém permanentemente resultados de aumento de casos de câncer em áreas expostas a pulverização. Em geral, os governos viram as costas a essas evidências. Mas os médicos e os investigadores continuam realizando denúncias. O caso mais recente é o do rio Paraná, onde foram encontradas grandes quantidades de glifosato", disse Vicente.
Em 30 de junho, a União Europeia deveria renovar a permissão para a utilização de glifosato. Mas houve mobilizações. "Se reuniram mais de 200 mil assinaturas para que isso não acontecesse. Por falta de consenso, a UE determinou que se renovasse por 18 meses e ordenou estudos em profundidade sobre a toxicidade, seus efeitos cancerígenos e embriológicos. É um exemplo concreto de um lugar onde se avançou na causa", acrescentou o ativista.