"A América Latina estará um pouco perante uma situação de orfandade internacional", acredita Maihold.
De acordo com o analista, alguns países latino-americanos tentaram "recuperar o controle e soberania, mas o processo de globalização não é fácil de travar". Não obstante, se destaca que a retórica de Trump é a da negação da globalização. "A pergunta é — qual é o custo que as populações destes países [da América Latina] estão dispostas a assumir na sua rejeição da globalização."
Contudo, Christopher Sabatini, professor da Universidade americana de Columbia, citado pela mesma edição, assegura que Trump não pode levar adiante algumas de suas propostas, como a construção de um muro na fronteira com o México ou a deportação de mais de 11 milhões de pessoas sem documentos, pois isso seria vetado pelas instituições governamentais. No entanto, Trump pode provocar grandes danos.
Por outro lado, vai ser difícil para Trump receber apoio dos líderes latino-americanos. "É absolutamente claro que ninguém apoiará a um governante nos Estados Unidos que não tem conhecimento ou visão. Isso poderia submetê-lo às influências de grupos de interesse e nepotismo", afirma o analista alemão.
O caso do México, de acordo com os especialistas, é o mais difícil. "O México enfrentaria uma situação de maior pressão dos EUA para assumir um verdadeiro controle fronteiriço. Nos países da América Central haveria um reforço do controlo da fronteira sul do México. Também veríamos o fortalecimento do comando sul estadunidense em Miami para impor uma cooperação mais militarizada com estes países."
Quanto a Cuba, Sabatini assegura que Trump tem uma visão mais empresarial do que ideológica em relação à ilha. "Receio que ele olhe para Cuba como uma grande oportunidade para construir seus hotéis e casinos, o que seria uma vergonha", destaca o professor Sabatini.
O que está claro é que Trump, ao chegar ao poder, provocará uma mudança total nas relações da América Latina com o seu vizinho do norte.