Os combates duraram cinco dias. Por ocasião deste triste aniversário, a Sputnik Ossétia do Sul publica recordações das testemunhas desta 'guerra de cinco dias'.
Hoje, quando passou tanto tempo, os médicos não conseguem perceber como foi possível ter tanta energia: eles trabalharam sem dormir, sem comer, praticamente não deixando as mesas de operação para salvar o máximo de vidas. Nesses dias foram realizadas 229 operações cirúrgicas.
"Tudo o que os nossos médicos conseguiram fazer é extraordinário <…>. Os médicos, enfermeiras e enfermeiros passaram todos estes dias no porão sob fogo, salvando vidas. Era impossível sair de casa, mas eles, arriscando a vida, todo os dias vinham trabalhar no hospital. Foi um verdadeiro heroísmo", conta Zhanna Kharebova, médico intensivista, testemunha dos acontecimentos.
O urologista Vitaly Dzhioev conta como foi difícil cuidar de todos os feridos:
"Eu fazia os meus deveres, mas também ajudava com cirurgia. Foi difícil. Não dormi por dias. Durante os a guerra dormi apenas umas duas horas. Por causa da tensão não tínhamos fome e eu obrigava as enfermeiras a comer para poderem trabalhar".
Os médicos russos ajudavam os médicos locais. Todos nasceram na Ossétia do Sul, mas a vida os havia espalhado por todas as partes do país. Nesse verão eles tinham vindo à Ossétia para passar férias com parentes. Quando começou a guerra eles ajudaram muito, ajuda que os médicos locais chamam de insubstituível.
"<…> A guerra os pegou aqui e eles ajudaram. Havia muitos casos graves. Durante algum tempo nós operamos no porão, à luz de velas e lampiões", lembra neurocirurgião Konstantin Servetnik.
Apesar da falta das condições elementares, dos bombardeiros constantes, do enorme número de feridos e das noites sem dormir, todas as 229 operações foram realizadas com êxito.
Houve apenas um doente que os médicos não conseguiram salvar, foi um soldado voluntário da Ossétia do Norte.
"Infelizmente, ele fora trazido muito tarde. Foi ferido perto da escola local, não foi possível tirá-lo do bombardeiro, ele estava lá se esvaindo em sangue, se tivesse sido trazido mais cedo, teria se salvado. O sobrenome dele era Aguzarov", conta Servetnik.
Já em 10 de agosto a cidade foi liberada, os feridos foram levados a hospitais de Vladikavkaz (Ossétia do Norte) e de Moscou.
Nestes dias difíceis, os médicos fizeram tudo o que podiam, sem pensar em prêmios nem em recompensas.