Na quarta-feira, em entrevista à Sputnik, o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Herbert Claros, havia afirmado que o corte de gastos estava relacionado ao provisionamento de US$ 200 milhões feitos pela empresa para pagar uma eventual multa pelo favorecimento na venda de oito aviões Super Tucano à República Dominicana em 2008. A venda estava sendo investigada pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e pela Justiça dominicana.
Segundo a Embraer, os planos de economia de US$ 200 milhões são em custos recorrentes, isto é, custos que incidem sobre o caixa da empresa ano após ano. Já o valor do provisionamento — que é apenas uma reserva, sujeita à negociação em andamento — só será efetivado se o acordo for concluído e o valor confirmado, sendo pago apenas uma vez.
Em razão do cenário desafiador observado no mercado aeroespacial global, a Embraer reduziu suas estimativas de entrega de aeronaves e de resultados para este ano. Na última segunda-feira, 8, a empresa informou aos funcionários que adotará diversas medidas visando à redução de custos, tanto em pessoal quanto em todas as suas unidades e negócios globais.
Ainda segundo a empresa, até agora nenhuma decisão foi tomada em relação ao PDV. A Embraer finaliza a nota afirmando que tem atuado com absoluta transparência para superação deste momento desafiador. "A companhia precisa assegurar sua perenidade e, para isso, necessita manter grande disciplina financeira, tomando ações imediatas."
República Dominicana prende ex-ministro da Defesa
A Justiça da República Dominicana deteve na noite de quarta-feira, 10, o ex-ministro da Defesa Rafael Peña Antonio e outras três pessoas acusadas de receber US$ 3,5 milhões para favorecer a Embraer na compra de aviões Super Tucanos em 2008. Outro acusado, o coronel Carlos Piccini, foi colocado à disposição da Justiça pelo Comando da Força Aérea.
A Procuradoria Especializada no Combate à Corrupção Administrativa informou a prisão dos empresários Daniel Aquino Hernández e de seu filho Daniel Aquino Méndez, que utilizaram empresas off shore para receber o dinheiro para intermediar a venda dos Super Tucanos em um empréstimo internacional de US$ 94 milhões. Segundo a acusação, Peña Antonio e os demais envolvidos distribuíam o dinheiro entre legisladores para que aprovassem o empréstimo e o contrato de compra.