Portugal: Bombeiros falam em 'onda terrorista organizada' como causa de incêndios

© REUTERS / Rafael MarchanteBombeiro português combate ao incêndio, Agueda, Portugal 12 de agosto 2016
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Representante da Liga dos Bombeiros Portugueses admitiu erro no combate aos incêndios, mas atribuiu a grande quantidade de focos a uma "onda terrorista devidamente organizada".

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Para o representante dos bombeiros portugueses os incêndios ocorridos esta semana no país foram provocados pelo que classificou como uma onda terrorista devidamente organizada. Jaime Marta Soares admitiu que ocorreram erros estratégicos no combate às centenas de focos, mas atribuiu o elevado número de casos à ação de incendiários.

A declaração foi dada à imprensa pelo presidente da Liga dos Bombeiros após deixar uma reunião com o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Não foi a primeira vez que Jaime Marta Soares usou a palavra "terrorismo" para se referir aos incêndios em Portugal, no que parece uma tentativa desesperada de chamar a atenção das autoridades para a gravidade do problema.

"Mesmo que não seja organizada, é intencional, um crime", disse uma fonte ligada aos bombeiros procurada por telefone pela Sputnik para comentar a declaração do presidente da Liga dos Bombeiros. A fonte disse, sob condição de anonimato, que mesmo que ninguém acredite que se trate de uma ação orquestrada em todo o país, é importante chamar a atenção para a existência de incendiários e incentivar que a população os denuncie.

A Autoridade Nacional de Proteção Civil confirma que 98% dos casos de incêndios florestais como os que atingiram o Norte e o Centro de Portugal esta semana têm origem humana. Para Jaime Marta Soares, desses pelo menos 75% são, além de provocados pelo homem, causados de forma intencional, ou seja, uma ação criminosa. O incêndio que atingiu a cidade do Funchal, na Ilha da Madeira, no início da semana e que matou 5 pessoas tem como principal suspeito, segundo a polícia, um jovem de 24 anos, já preso e processado.

A ação de incendiários não é novidade nos incêndios florestais que todos os anos atingem várias regiões de Portugal em agosto, mas a grande quantidade de focos registrados este ano surpreendeu até quem está acostumado a atuar de maneira mais intensa nessa época do ano.

© AFP 2023 / PATRICIA DE MELO MOREIRA Bombeiros portugueses no combate às chamas
Bombeiros portugueses no combate às chamas  - Sputnik Brasil
Bombeiros portugueses no combate às chamas

Milhares de bombeiros trabalham sem parar no combate às chamas em vários pontos do país. O número de homens e mulheres em serviço chegou a 5 mil durante os momentos de maior gravidade e eles sempre contam com a ajuda de voluntários das comunidades que correm riscos diante do avanço do fogo. Mais de 1300 veículos também são usados nos trabalhos.

O combate aos incêndios envolve, além dos bombeiros e dos voluntários, as autoridades de segurança. A polícia portuguesa está em constante atenção e conta com as denúncias da população para chegar aos incendiários. Vários já foram detidos apenas esta semana, a maioria jovens e, alguns deles, sob o efeito de álcool ou outras drogas.

Ajuda internacional

A grave situação obrigou o país a pedir ajuda aos parceiros da União Europeia para combater uma média de 300 focos de incêndio diários. Portugal acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil na quarta-feira e, imediatamente, recebeu o socorro dos vizinhos espanhóis, que enviaram dois aviões e da Itália, que se comprometeu com o envio de um meio aéreo. Duas aeronaves marroquinas também auxiliam no trabalho de combate às chamas.

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A ajuda, no entanto, não foi considerada suficiente. Constança de Sousa, ministra da Administração do governo português, declarou que esperava "maior solidariedade dos parceiros europeus". Ela ressaltou que o Marrocos, mesmo não fazendo parte do bloco europeu, se prontificou a ajudar tão logo foi solicitado. A ministra contou à imprensa que telefonou para as autoridades marroquinas num dia e recebeu a ajuda na manhã seguinte.

A Rússia enviará amanhã dois aviões Beriev após um pedido formal do primeiro-ministro António Costa à Moscou, acionando um acordo bilateral existente entre os países. A possibilidade já havia sido citada pelo chefe do governo português no início da semana e a solicitação foi feita após a ajuda da União Europeia ter sido considerada insuficiente.

As aeronaves russas têm capacidade para transportar 12 toneladas de água, quase o dobro dos aviões Canadair enviados pela Espanha. Os Beriev BE200 são anfíbios, podem pousar tanto na água quanto em terra, e já foram utilizados em combate à incêndios em Portugal há 10 anos.

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O chefe da Direção de Organização de Informação da População do Ministério para Situações de Emergência, Aleksei Vagutovich, disse à Sputnik que as equipes russas estão sempre dispostas a prestar apoio em caso de emergência e se o Governo der a respectiva indicação.  Mais tarde o Ministério para Situações de Emergência confirmou o envio dos aviões, afirmando que as tripulações "estão preparadas para trabalhar em condições difíceis e têm muita experiência no combate a incêndios".

Um porta-voz da União Europeia, questionado pelo jornal Diário de Notícias sobre a insuficiência da ajuda enviada, justificou dizendo que outros Estados-membros também estão enfrentando graves incêndios florestais. "Há um número limitado de aviões e equipes disponíveis em toda a Europa", disse a fonte.

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