A investigação atende à solicitação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e tem também entre seus alvos dois ex-ministros de Dilma, José Eduardo Cardozo e Aloizio Mercadante, o ex-Senador Delcídio do Amaral, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Ministro Francisco Falcão, e o também ministro do STJ Marcelo Navarro Ribeiro Dantas.
Entre as alegações de Rodrigo Janot estão a de que a então presidente, Dilma Rousseff, nomeou o ex-Presidente Lula como ministro-chefe de sua Casa Civil como forma de lhe conceder foro privilegiado, já que ele vinha sendo investigado no âmbito da Operação Lava Jato pelos procuradores do Ministério Público Federal do Paraná e pelo Juiz Sérgio Moro. Com o foro privilegiado, Lula, como ministro, só poderia ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal.
Para o advogado Ivar Hartmann, professor de Direito Constitucional da Fundação Getúlio Vargas, a decisão do Ministro Teori Zavascki tem todo o amparo legal e deve ser vista apenas como o marco inicial de um processo:
“O ministro decidiu pelas investigações dos acusados diante da existência de uma quantidade de evidências e provas que autorizam a presunção de tentativas de obstrução da Justiça. Existem os depoimentos prestados em delação premiada pelo ex-Senador Delcídio do Amaral. Em segundo lugar, devemos considerar que estamos apenas na fase inicial de um processo e que os investigados ainda não podem, juridicamente, ser considerados responsáveis pelos fatos que lhes são atribuídos. Estamos ainda muito longe de poder concluir se estas pessoas, efetivamente, cometeram crimes. A investigação é necessária, e, para que ela ocorra, foi dada a também necessária autorização do Supremo Tribunal Federal, para que, posterior e eventualmente, sejam instaurados processos contra elas.”
Para o Deputado Esperidião Amin (PP-SC), a decisão do Ministro Zavascki reveste-se de grande importância:
“O Ministro Teori Zavascki demonstrou com a sua decisão que uma investigação deste porte não poupa personalidades como presidente, ex-presidente, ex-ministros, ex-parlamentar e atuais graduadas autoridades do Poder Judiciário. Não pode haver restrições à amplitude do que pode e deve ser investigado. Portanto, é uma decisão que, pelo seu alcance e fundamentação, demonstra que o Poder Público tem o dever de apurar graves denúncias formuladas contra personalidades de destaque da vida pública brasileira. Neste caso, membros e integrantes dos três Poderes da República: Executivo, Legislativo e Judiciário.”
Já o Deputado Paulo Pimenta (PT-RS) ressalvou que os Presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva nada têm a esconder, e já se colocaram inúmeras vezes à disposição do Poder Judiciário.