A primeira suspensão da sessão aconteceu após desavença entre senadores defensores e contrários ao impeachment, o que levou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a pedir que os parlamentares mantivessem o bom nível dos trabalhos, sem apelar para ofensas pessoais.
Em seu discurso, Calheiros compara Senado a um "hospício", e que os senadores deveriam escutar mais e falar menos. O presidente do Senado ainda pediu desculpas à sociedade, pelo que chamou de espetáculo.
"Se nós não encaminharmos diferentemente, é passar para o Brasil e para o mundo, já que o mundo todo está com os olhos debruçados sobre o nosso país, a ideia de que Vossa Excelência constitucionalmente (Ricardo Lewandowski) está sendo obrigado a presidir um julgamento em um hospício. Nós não podemos passar essa impressão à sociedade brasileira. É fundamental que nós façamos um apelo, não apenas para que a indução de suspeição transforme o testemunho em informante, porque a conceituação apenas das pessoas que estão vindo para depôr como testemunha ou como informante, só alimenta esse debate que não tem mais para onde ir. Isso é um erro. Um tiro no pé. Esse confronto político não acrescenta nada nem para um lado, nem para o outro. Se nós continuarmos dessa forma, nós vamos ter que cancelar o depoimento da presidenta da República que acontecerá na segunda-feira (29), porque é evidente, que há um processo aqui para delongar esse debate, essa discussão e consequentemente o julgamento."
Na retomada da sessão, a outra discussão teve início após o presidente do Senado, Renan Calheiros pedir que os senadores reduzissem as questões de ordem repetidas para não atrasar o andamento do julgamento. Calheiros esquentou ainda mais o Plenário ao relembrar a declaração feita na quinta-feira (25) pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que disse que o Senado não tinha moral para julgar a presidenta afastada Dilma Rousseff, mas Calheiros afirmou que foi o próprio Senado que tinha trabalhado para retirar o indiciamento dela e do marido, o ex-ministro Paulo Bernardo por corrupção e lavagem de dinheiro. Com o grande tumulto que se formou, a sessão foi suspensa quando os senadores já se encontravam em um empurra, empurra na sessão.
Após o bate-boca, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) avaliou a sessão da manhã desta sexta-feira (26) e lamentou a divisão entre os senadores.
"Muito tumultuado e com um certo nível de desqualificação. O que me preocupa é que nós não estamos percebendo, que o impeachment termina na terça-feira (30), ganhando um lado ou outro, mas isso aqui continua. Isso aqui vai ter que continuar funcionando e unificando o Brasil que é o nosso papel. E dessa maneira como estamos fazendo ao invés de unificar, nós estamos dividindo. Isso é muito ruim."
Ao comentar toda a confusão do início do segundo dia de julgamento, o Senador Lindbergh Farias (PT-RJ) pediu respeito para quem defende a presidenta afastada Dilma Rousseff. Lindbergh afirmou que vai continuar a defesa de Dilma e não vai aceitar desqualificação.
"Nós temos feito a defesa da presidenta Dilma com muita dedicação há muito tempo. Para nós é um momento dramático da história da Democracia brasileira, e estamos nos empenhando aqui com tudo nessa defesa da presidenta. O que não pode acontecer é falta de respeito pessoal, tentativa de desqualificação. Isso está acontecendo desde ontem (25). Tem senador aí, que faz ataque pessoal de todo tipo a mim, a senadora Vanessa Grazziotin. Hoje (26) a confusão começou quando disseram que a senadora Gleice Hoffmann estava aliciando testemunhas. Nós queremos o debate de conteúdo, mas exigimos respeito, que se mantenha o nível. Nós não vamos aceitar desqualificação da nossa turma. Se eles forem fazer isso, não tem jeito. Nós não temos sangue de barata. Nós vamos reagir."
Já o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), culpa os senadores contrários ao impeachment pelo debate político como uma forma de tumultuar o andamento do julgamento.
"Eu lastimo. Nós estamos vivenciando um momento de extrema gravidade para nosso país, e o Senado Federal hoje está atuando como um júri. O que nós estamos assistindo, e o Brasil inteiro nos assiste é uma atitude impensada, inaceitável daqueles que são minoria hoje, e que querem tumultuar o processo de julgamento."
Neste segundo dia do julgamento estão previstas para ser ouvidas as testemunhas escolhidas pela defesa de Dilma Rousseff. Na quinta-feira (25), falaram as testemunhas da acusação.
Na manhã desta sexta)26), o advogado da defesa da presidenta afastada, José Eduardo Cardozo, dispensou a testemunha Esther Dweck, ex-secretária de Orçamento, para não expô-la a constrangimento, já que senadores defensores do impeachment pretendiam arguir sua suspeição. Cardozo também mudou o status de Ricardo Lodi para que seja interrogado como informante e não mais como testemunha, visto que este advogado atuou como assistente da perícia durante o processo do impeachment.