O protesto teve a adesão de dezenas de movimentos políticos e sociais, reviveu as históricas Marchas da Resistência, realizadas nos anos 80 para denunciar crimes e perseguições da ditadura militar. A manifestação começou na sexta-feira e terminou neste sábado no final da tarde. O movimento, de 24 horas, convocou a população a resgatar a dignidade dos argentinos no acesso a melhores condições de trabalho.
"A marcha não é contra uma pessoa, é contra um governo que nos quer humilhar. Vamos inundar as ruas e as praças para que todos aqueles que não tenham trabalho se sintam apoiados", disse a presidente das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini.
Sob o lema "Pelo direito de trabalhar, resistir sem descansar e pela recondução de Cristina (a presidente Cristina Kirchner, derrotada por Macri nas eleições do ano passado), cerca de 30 organizações atenderam à convocação, entre elas a La Cámpora, Frente Transversal, Nuevo Encuentro, Partido Solidariedade e Igualdade, entre outras.
Desde que assumiu em dezembro de 2015, Mauricio Macri vem empreendendo diversas reformas de cunho neoliberal, cortando subsídios em programas populares e promovendo tarifaços nos serviços públicos como energia, água, gás e transportes com reajustes que chegaram a 2.000%. Esta semana, a Suprema Corte argentina chegou a suspender o último aumento de gás, fazendo a tarifa retroagir à de março deste ano.
O Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) informou que a taxa de desemprego fechou o primeiro semestre em 9,3%, o equivalente a 165 mil pessoas sem trabalho formal. O índice só vem aumentando: no terceiro trimestre de 2015, a taxa estava em 5,9%. Com uma inflação oficialmente ainda não informada, mas calculada por consultorias independentes em quase 20% desde o início do ano, os argentinos sofrem também com um elevado número de demissões tanto no setor privado quanto no público e com a redução do padrão de vida. Hoje, estima-se que mais de 4 milhões de pessoas ingressaram na faixa da pobreza.