Logo na abertura da sessão, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski anunciou que pretende encerrar a fase de discussão ainda nesta terça-feira (30) ou no máximo na madrugada de quarta (31), e a votação final ficará para esta quarta-feira (31) pela manhã.
"Esta presidência pretende encerrar essa fase de discussão ainda hoje (30), nem que entremos madrugada a dentro. Precisamos encerrar essa fase. Vamos esgotar todos os oradores e na quarta-feira (31) na primeira hora possível, nós iniciaremos o julgamento. Eu farei o relatório, depois teremos os encaminhamentos e finalmente a votação a partir de quarta-feira (30) de manhã."
A acusação subiu primeiro à tribuna do plenário do Senado, através da advogada Janaína Paschoal, que durante sua fala tentou rebater os argumentos da defesa realizada na segunda-feira (29) por Dilma Rousseff, principalmente que a questão de que o impeachment aconteceu após uma vingança orquestrada pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para Janaína Paschoal, este é o eterno discurso da perseguição.
A advogada ainda reafirmou que Dilma Rousseff praticou as chamadas pedaladas fiscais e editou decretos suplementares sem autorização do Congresso Nacional e em desacordo com a meta fiscal. Segundo Janaína "houve fraude e uma autoridade por trás disso tudo."
A jurista finalizou sua apresentação chorando e pedindo desculpas a Dilma pelo sofrimento causado.
"Eu peço desculpas, porque eu sei que a situação que ela está vivendo não é fácil. Eu peço desculpas porque eu sei, muito embora esse não fosse o meu objetivo, eu lhe causei sofrimento. Eu peço que ela um dia entenda que eu fiz isso pensando também nos netos dela."
Em seguida foi a vez do advogado de acusação Miguel Reale Júnior, também autor do pedido de impeachment de Dilma Rousseff se pronunciar. Miguel Reali Júnior afirmou que o impeachment vai mudar a mentalidade do país e atribuiu o processo a uma vontade das ruas e das redes sociais, por um movimento da sociedade em querer ter um Brasil sério.
"A impressão que tive é que a Presidência da República está de costas para a nação porque atribuiu a existência desse processo a uma trama urdida por Eduardo Cunha, sem se aperceber que esse processo nasceu das ruas."
A defesa de Dilma Rousseff foi feita mais uma vez pelo advogado da presidenta afastada, José Eduardo Cardozo, que começou seu pronunciamento destacando a trajetória de Dilma Rousseff e a luta contra a ditadura militar.
Durante a defesa, José Eduardo Cardoso reafirmou que Dilma Rousseff está sendo julgada pela vitória nas eleições, e que a partir daí o impeachment foi aberto por uma vingança do deputado afastado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Ela foi acusada porque ousou ganhar uma eleição afrontando interesses daqueles que queriam mudar o rumo do país. Ela foi condenada, porque ousou não impedir, que investigações contra corrupção no Brasil não tivessem continuidade. Os pretextos, esses ficarão nos autos, no pó do tempo. Como ficaram e ficam hoje as acusações formais que foram dirigidas contra Dilma Rousseff no passado. No seu corpo ficaram as marcas da tortura, na sua alma ficou a marca da indignidade, mas os pretextos se foram."
Em sua fala, Cardozo insistiu na falta de provas sobre o crime de responsabilidade e afirmou que Dilma é honesta, ressaltando que o mundo inteiro está vendo o golpe.
"O dolo da presidenta da República está provado pelo projeto de lei que ela mandou cinco dias antes de baixar os decretos. O projeto de lei propunha a redução da meta e o parecer que ela recebia dizia que o decreto não afetava na meta. Onde é que está o dolo? É um verdadeiro absurdo, é um escândalo. Um escândalo que o mundo inteiro observa. Um escândalo que levou o Jornal The Guardian falar ontem o que falou, o Le Monde baixar um editorial dizendo que isto é golpe ou é farsa. O mundo inteiro percebe isso. Não bastasse tudo isso a meta não foi ferida, porque a meta é anual. A própria acusação hoje (30) falou que a meta é anual."
Ao finalizar os argumentos da defesa, José Eduardo Cardozo fez um apelo aos senadores para aceitarem a proposta de Dilma Rousseff de convocação de plebiscito. Cardozo alegou que se está se julgando o "conjunto da obra", o povo é que deve decidir.