Em um discurso de apenas cinco minutos, ele voltou a justificar a importância de criação de teto para os gastos públicos e disse ter recebido o país com mais de R$ 170 bilhões de déficit nas contas públicas e quase 12 milhões de desempregados.
"Meu único interesse, e que encaro como uma questão de honra, é entregar ao meu sucessor um país reconciliado, pacificado e em ritmo de crescimento, um país que dá orgulho aos seus cidadãos."
Em entrevista à Sputnik Brasil, o diretor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, aprovou o discurso de Temer, mas reconheceu que o trabalho não será fácil.
"Temer assume em um momento bem complicado na economia, principalmente do lado fiscal, que impede uma recuperação da economia. Estamos aí com um déficit primário de 2,5% do PIB, quando há seis, sete anos atrás era um superávit de 2%, mas gostei do discurso. Achei que para um primeiro discurso ele foi bem ousado em tocar em dois pontos bem delicados: a reforma da previdência e a reforma trabalhista. Pelo fato de ele ter comunicado no primeiro pronunciamento esses pontos, dá a entender que ele vai enfrentar os problemas de frente, principalmente esse problema fiscal."
Na opinião de Petrassi, a equipe econômica está muito bem alinhada, é de extrema competência, e apresenta um discurso muito bom tanto do presidente do Banco Central quanto do ministro da Fazenda.
"O grande receio que o mercado tem é a atitude do PMDB em relação a combater o problema fiscal, tendo eleição municipal em outubro. Isso cria dificuldades para tomar medidas mais drásticas, mas a gente acredita que elas devam vir. É uma necessidade que o mercado hoje vai exigir do Temer no curto prazo. O resultado só vai aparecer no médio e longo prazo, principalmente a reforma da Previdência, mas eles vão no caminho certo."
Petrassi diz que o atual governo tem um trunfo que o anterior não tinha, o apoio do Congresso.
"A gente vai ter um PT bem magoado na oposição, votando contra qualquer coisa que seja proposta pelo PMDB, mas como o PT está encolhendo, perdendo membros e deve encolher na eleição municipal também a gente acha que ele (governo) vai ter sucesso."
O diretor da Leme Investimentos sublinha que as medidas propostas são impopulares, muitos deputados não devem defendê-las, o calendário eleitoral não ajuda, mas a situação da economia é tão desesperadora que todos devem contribuir.
"Caso eles não colaborem, vamos voltar para a espiral de crescimento negativo, inflação subindo e uma situação dramática que ninguém queira", diz Petrassi, que prevê uma elevação do PIB em 2017 entre 1% e 1,5%.